INTERPRETAÇÕES DE CASOS

Leonardo Castagnino

Postado pela Ação Restauracionista em 2025-09-09 14:58:00

Postagem original: https://www.lagazeta.com.ar/interpretaciones_de_caseros.htm

Castagnino/INTERPRESTACIONES DE CASEROS/1.jpg

Interpretações

No terreno polêmico referente a Caseros, os escritores assumem três atitudes fundamentais, que correspondem exatamente a três pontos de vista distintos sobre o caso Rosas.

Em primeiro lugar está a dos historiadores liberais e da história escolar argentina, que focaliza toda a política rosista com o critério de um partido vencedor, fundamentando-se e pensando com pressupostos que vão da Amalia de Mármol ao Facundo sarmientino. Há também a postura dos escritores marxistas, para os quais a política de Rosas foi a de um senhor feudal rioplatense que se empenhava em competir com o capitalismo europeu, ou no máximo a de um homem que resulta um enigma histórico, que escapa ao esquema da dialética econômica. E, por último, há a daqueles que explicam o caso Rosas sem esquemas preconcebidos, partindo simplesmente dos acontecimentos que se encadearam no Rio da Prata a partir do ano 1820. (Chávez, Fermín. Vida y muerte de López Jordá. Edit. Theoría, p.30)

Para os ensaístas liberais clássicos, por exemplo, Rosas teria se bloqueado a si mesmo e aos seus couros salgados de 1838 a 1849, por puro gosto de criar dificuldades e justificar uma degola de doutores e jornalistas unitários; para eles, a unidade do povo e dos estancieiros que apoiavam o governo federal naquele período não pode ser aceita de modo algum, pois dessa unidade comprovada de sentimentos não participavam os cultos senhores unitários aliados ao estrangeiro. Portanto, Caseros passa a ser a “libertação” do país das garras de um Tirano que se opõe à organização nacional, à lei escrita, puramente por se contrapor a Rivera, Paz, Herrera e Obes, Paulino Soarez de Souza, Purvis, ao rei Luís Filipe e a Florencio Varela. (Idem)

Para os marxistas não liberais, a política do governador de Buenos Aires é um enigma, pois sendo o general Rosas um estancieiro poderoso, o principal criador da província, ele é ao mesmo tempo líder das classes populares, nas quais apoia principalmente seu poder. Caseros é, para eles, o fim de um regime agropecuário, alcançado com a ajuda de agentes do Progresso, chamados Barão de Mauá, Buschental, Inglaterra ou França. Em definitiva, ambas as posições, liberal e marxista, coincidem quanto à justificativa de Caseros como triunfo do Progresso sobre a Barbárie. (Idem)

A verdade é que, como demonstraram claramente suas consequências, Caseros significou a derrota da resistência americana frente ao imperialismo internacional e às oligarquias nacionais estrangeirizantes. Poucas semanas após o desfile dos exércitos brasileiros pelas ruas de Buenos Aires, os argentinos puderam perceber quem eram os verdadeiros vencedores da batalha; depois, a divisão e a anarquia, habilmente exploradas pela diplomacia imperialista, prejudicariam mortalmente o frente comum de nossos povos que buscavam fortalecer sua velha estrutura federal. Os fatos deram razão a Juan Manuel e não ao general do Pronunciamento: a independência paraguaia, a livre navegação dos rios Paraná e Uruguai, e a má tradução de uma Constituição estrangeira para sobrepor-se como Carta Magna à nação, são fatos que favoreceram apenas potências estrangeiras não continentais e a expansão brasileira. Caseros demoliu a ideia bolivariana e artiguista e anarquizou as forças morais que poderiam possibilitar a formação de nossa própria personalidade histórica.

Rosas teve a soma do poder público e se negou, em 1831, a convocar um congresso porque não queria ver novamente a anarquia com todos os seus horrores. Mas essa verdade não invalida esta outra:

Rosas defendeu a soberania interna da nação a qualquer preço, ou seja, defendeu o essencial contra o formal representado por uma lei escrita. Como não compreender, então, as palavras de Juan Bautista Alberdi em sua carta a Máximo Terrero, de 1863, escritas ao pensar nos triunfadores de Pavón:

“Que justificação solene recebe com tudo isto o general Rosas! As faltas que lhe puderam imputar se referiam às pessoas e aos interesses pessoais. Mas nunca introduziu nas instituições fundamentais que dizem respeito à integridade da Nação e à sua soberania interior ou exterior, nenhuma daquelas inovações sacrílegas com que esses demagogos, fatuos em seu saber tenebroso, estão despedaçando os fundamentos de nossa pobre República.” (Ignacio Oyuela. Juan Bautista Alberdi, una conciencia anormal. Buenos Aires, 1920)

Ninguém até 1863 havia qualificado os doutores unitários com tanta precisão como Alberdi, mediante o “fatuos em seu saber tenebroso”, dirigido aos vencedores de Caseros. E Alberdi sabia o que dizia, assim como alguns escritores de formação marxista, como Víctor Guerrero, que recuam as consequências de Caseros conscientes do que elas foram: “De 1852 a 1868 estouraram nas províncias argentinas 117 revoluções e se travaram 91 combates, com um total de 4.728 mortos. Tal foi o fruto direto da ‘democracia’ imposta em Caseros” (Victor Guerrero. Alem, historia de un caudillo. Buenos Aires, 1951)

Os federais que acorrem a Caseros apoiando Urquiza e que, como López Jordán, ainda não estão em condições de avaliar o que se jogaria nessa batalha, fazem-no confiantes na política de Don Justo, a quem conhecem de perto como militar organizador da guerra contra Rivera e cujas expressões de autêntico americano já ouviram muitas vezes. Em Caseros, López Jordán atua como sargento-major. Tem trinta anos e ainda acredita em Urquiza como federal e como homem do Rio da Prata.

Bibliografía:

  • Chávez, Fermín. Vida y muerte de López Jordán. Edit. Theoría
  • Saldías, Adolfo. Historia de la Confederación Argentina. Eudeba. Bs.As. 1978
  • Castagnino Leonardo. Juan Manuel de Rosas, Sombras y Verdades
  • Rosa, José Maria. Historia Argentina. Editorial Oriente. Bs.As.
  • Rosa, José Maria. Rosas y el Imperialismo - La caída. Offsetgrama. Bs.As. 1974.
  • Federico de la Barra. La vida de un traidor. Emp.Reimpresora y Adm.de Obras Americanas. Bs.As.1915
  • Obras citadas
  • La Gazeta Federal www.lagazeta.com.ar