Postagem original: https://www.lagazeta.com.ar/rosas_y_la_banca.htm
Os interesses no Prata
Os Rothschild tiveram grande influência na história da Argentina e de seus países vizinhos.
Durante a intervenção anglo-francesa no Prata e contra a Confederação de Juan Manuel de Rosas, com a esquadra francesa em Montevidéu, surgiram grandes somas de dinheiro destinadas a armar os unitários e seus aliados, conhecidos como “auxiliares”.
Um agente de Justo José de Urquiza em Montevidéu, chamado Antonio Cuyás y Sampere, escreveu ao governador entrerriano:
“…chegaram quantias ainda maiores de dinheiro remetidas pelo banqueiro de Paris Rothschild, com o objetivo de comprar as letras de câmbio que os agentes franceses emitirem contra o tesouro da França – 40.000 onças de ouro – ou contra a caixa da divisão expedicionária – 10.000 onças de ouro-“ (J.M. Rosa, Historia Argentina)
Irineo Evangelista de Sousa, conhecido como o Barão de Mauá, possuía a maior fortuna do Brasil e gerenciava todas as empresas industriais do país, fornecendo somas milionárias ao governo brasileiro. O Barão de Mauá, posteriormente visconde, construiu sua fortuna começando como empregado em uma casa de comércio; quando a empresa faliu, seu patrão o transferiu para o novo proprietário, Richard Carruthers, como “a melhor joia da casa”. Carruthers era agente correspondente dos Rothschild e tinha interesse na importação de manufaturas.
Irineo Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (1813–1889), portou-se com tal diligência perante os ingleses que foi nomeado gerente e, posteriormente, associado na casa Carruthers & Cia, sendo finalmente deixado como proprietário quando seu empregador retornou à Inglaterra. Agindo como testaferro dos Rothschild, Irineo Evangelista estabeleceu as primeiras linhas de vapores costeiros, inaugurou obras ferroviárias, comprou algodoeiras, fundou bancos, adquiriu fábricas de tecidos e fiação na Inglaterra e geriu poderosos interesses comerciais no Brasil e na Banda Oriental. Vemos claramente como as potências estrangeiras movimentavam seus agentes para derrubar Juan Manuel de Rosas, o caudilho que defendia a soberania no Prata.
Outro personagem influente na segunda guerra argentino-brasileira, conhecido nas notas do general Tomás Guido – ministro da Confederação em Rio de Janeiro – como o “judeu alemão”, atendia pelo nome de Caballero José de Buchental, embora seu verdadeiro nome e local de nascimento sejam desconhecidos.
Esse indivíduo aproximava-se do ativo antirrosista Andrés Lamas para oferecer, com sólida garantia, empréstimos usurários acrescidos de comissões substanciais, incluindo um empréstimo de sete milhões de pesos, exigindo a garantia do Império do Brasil para a operação.
O Barão de Mauá, então correspondente ou agente dos Rothschild, vislumbrando grandes negócios no Prata, livre da política nacionalista de Rosas, apresentou-se ao diplomata uruguaio Andrés Lamas, na legação da Pedreira da Glória, disponibilizando o capital necessário para que Montevidéu se mantivesse financeiramente.
Em 21 de agosto de 1850, foi assinado o contrato pelo qual Irineo – com a garantia oculta do Brasil – substituía a reduzida “subvenção francesa”.
O segundo compromisso foi firmado em 7 de setembro, estabelecendo que:
Seria aberto um crédito em Londres para o Ministério da Guerra uruguaio e Comando Geral das Armas, dirigido pelo antirrosista Don Mechor Pacheco y Obes, no valor de 1.220.000 francos, a ser liberado em cinco parcelas, destinado ao recrutamento de soldados mercenários em Paris e Gênova, além do pagamento de comissões reservadas. Pacheco y Obes viajou ao Brasil atendendo requisição do Ministro das Relações Exteriores brasileiro José Soares de Souza.
Seriam fornecidos 6.000 patacões para despesas de viagem.
Seriam entregues ao governo de Montevidéu armas, munições, fusis, pólvora e outros materiais de guerra, avaliados em 334.000 pesos (equivalente a dois milhões de francos).
Seriam pagos os débitos mais urgentes do governo de Montevidéu, que somavam 111.400 pesos (mais de 600.000 francos).
Documentos absolutamente reservados da mesma data mostram que o Império do Brasil garantia os investimentos de Irineo Evangelista de Souza (ou possivelmente dos Rothschild).
Fica evidente a presença concreta de interesses da banca financeira – seja por ação direta ou por intermédio de testaferros e auxiliares – na derrubada do sistema protecionista e patriótico estabelecido por Juan Manuel de Rosas.
Fontes:
- Jose María Rosa. Historia Argentina.
- Arnold Leese: Los Rothschild.
- Victor R Scyzoryk. Confabulacion anti-argentina. p.34.
- Castagnino Leonardo. Juan Manuel de Rosas. La ley y el orden.