Postagem original: http://lagazeta.com.ar/protocolo_rivarola_rio_branco.htm
Protocolo Rivarola–Rio Branco
Após o término da guerra contra a Tríplice Aliança, sucederam-se no Paraguai os governos de Rivarola, Loizaga, Bedoya, Facundo Machain, novamente Rivarola, Salvador Jovellanos e Juan Bautista Gill.
Mesmo contra sua vontade, todos atuavam, em maior ou menor medida, subordinados aos desígnios do Império do Brasil. Com suas tropas ocupando Assunção, a diplomacia brasileira impunha sua influência, promovendo a substituição ou renúncia de presidentes e ministros, sem descartar algumas mortes misteriosas.
A diplomacia brasileira estava representada em Assunção por José María de Silva Paranhos, visconde do Rio Branco. “Todas as medidas, resoluções e decretos daquela época eram tomadas por indicação sua”, afirma um escritor paraguaio, enquanto um autor brasileiro o chama de “Vice-rei do Paraguai” (José María Rosa, La guerra del Paraguay).
O visconde conduzia os acontecimentos com habilidade: enquanto em Buenos Aires sussurrava ao ouvido de Mitre que trabalhava no Rio de Janeiro para apaziguar desconfianças e assegurar o cumprimento das pretensões argentinas estipuladas no tratado da Aliança, no Paraguai apresentava os brasileiros como “os melhores amigos dos paraguaios” frente aos prepotentes argentinos. Naturalmente, por essa “proteção” ao Paraguai, o Império cobraria como preço um terço do território paraguaio.
Rivarola assinou com Rio Branco os protocolos de 15 de dezembro de 1870 e 14 de janeiro de 1871, com o objetivo de estabelecer um tratado de limites “exclusivo” entre Paraguai e Brasil, “de acordo com o Tratado da Tríplice Aliança e o protocolo de 20 de junho”. Dessa forma, o Império deixava de lado seu antigo aliado, a Argentina.
A imprensa de Buenos Aires reagiu com indignação diante da deslealdade de seu sócio, chegando-se a falar publicamente em uma “guerra iminente com o Brasil”. No entanto, o habilidoso diplomata brasileiro acalmou os ânimos, declarando que os protocolos eram apenas preliminares de um tratado de limites a ser acordado conjuntamente com argentinos e paraguaios.
Em março de 1871, o visconde foi substituído por um novo “vice-rei”: João Maurício Wanderley, barão de Cotegipe.
Leonardo Castagnino
Fontes:
- Castagnino L. Guerra del
Paraguay (La Tripe Alianza contra los paises del Plata)
- García Mellid, Atilio. Proceso a los falsificadores de la Guerra del
Paraguay.
- O´Leary, Juan E. Historia de la Guerra de la Triple Alianza. Carlos
Schauman Editor. Asunción.1992
- Rosa, José María. Historia Argentina.
- Resquín, Datos históricos.
- La Gazeta Federal www.lagazeta.com.ar