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A “batalha” pelos cavalos
Enquanto se defendia Paysandú, do outro lado da costa ocorria outra batalha de grande importância: um duelo entre o chefe da cavalaria brasileira, Manuel Osório, futuro Marquês de Erval, e o próprio Justo José de Urquiza; o campo de batalha era o Palácio de San José, e a disputa era pelo preço de venda de 30.000 cavalos entrerrianos ao exército imperial.
“Correspondia esta aquisição –diz o brasileiro Pandiá Calógeras– ao desarme do possível adversário, pois os entrerrianos, ótimos e admiráveis cavaleiros, não formavam senão pobre infantaria”.
Enquanto isso, os federais entrerrianos esperavam um sinal de Urquiza para cruzar o rio em auxílio a Paysandú, e Francisco Solano López estava desde novembro com um exército na fronteira, aguardando o “pronunciamento” prometido por Urquiza para atravessar o território argentino e chegar rapidamente a Paysandú. Quando se deu o último ataque decisivo a Paysandú e se concretizou o negócio da venda da cavalaria entrerriana – em 1º de janeiro de 1865 – impaciente, Solano López escreveu a seu ministro em Paris, Cândido Bareiro: “Dentro de poucos dias o general Urquiza deve tomar uma atitude decidida, não sendo possível que continue como até aqui”.
Mas, como já vimos, Urquiza “estava em outra”. A “atitude decidida” que ele tomou foi a venda de 30.000 cavalos ao Império. O preço obtido foi “generoso”: treze patacões “o que pisa”, totalizando 390.000 patacões – quase o mesmo que os 400.000 recebidos em 1851 por sua participação em Caseros.
Pandiá Calógeras descreve, em termos duros, a postura de Urquiza, que se desinteressa por Paysandú e abandona entrerrianos, brancos orientais e federais argentinos:
“Não existia em Urquiza o estofo de um homem de Estado: não
passava de um condettiere…
…permaneceu inativo por tanto tempo. De fato, assim ele traía a todos.
Cuidou o Brasil de torná-lo inofensivo; Urquiza, embora imensamente
rico, tinha pela fortuna amor desmedido: o general Osório, o futuro
marquês de Erval, conhecia-lhe a fraqueza e deliberou tirar proveito
dela”.
_Fontes:
- Castagnino L. Guerra del
Paraguay. La Tripe Alianza contra los paises del Plata
- Rosa, José María – La Guerra del Paraguay y las Montoneras
Argentinas – Buenos Aires (1985).
- García Mellid. Atilio. “Proceso a los falsificadores de la historias
del Paraguay”(1965)
- La Gazeta Federal www.lagazeta.com.ar