As “Independências” Platinas e a Consolidação dos Estados Nacionais Sob Nova Perspectiva

O Império Brasileiro Como Consolidador Do Poder Maçônico no Vice-Reinado do Rio da Prata

Postado pela Ação Restauracionista em 2025-08-14 19:23:00

As “Independências” Platinas e a Consolidação dos Estados Nacionais Sob Nova Perspectiva


O Império Brasileiro Como Consolidador Do Poder Maçônico no Vice-Reinado do Rio da Prata


Resumo: Esta tese pretende lançar os fundamentos para uma revisão histórica de viés católico e contra-revolucionário sobre os acontecimentos políticos no antigo Virreinato Del Rio de La Plata. Apresentado o resumo dos acontecimentos compreendidos desde a semana de Maio - princípio da revolução -, até o final da guerra do Paraguai, demonstraremos uma série de evidências que apontam para o papel do império brasileiro como consolidador do poderio maçônico na bacia do Prata.

Introdução:

        Até aqui, a historiografia tem analisado as ditas independências americanas e a consolidação dos estados-nação sob o viés nacionalista e estadista. A academia que costuma procurar entender todos os acontecimentos políticos à luz do suposto interesse nacional é incapaz de captar o real fio-condutor da história. Referimo-nos àquela política secreta, discutida nas sombras e a portas fechadas. Àquela organização supra-nacional que despreza os verdadeiros interesses da nação e atua com outros propósitos.

        Se por um lado a academia é cega aos reais agentes históricos, os católicos, por outro lado, são ávidos para exaltar personagens que, embora não fossem propriamente inimigos da fé, não podem ser categoricamente chamados de espadas da cristandade.

        Nosso artigo visa apresentar de modo panorâmico os acontecimentos na Íbero-América do século XIX, elencar os personagens principais dividindo-os em suas afiliações e rastreando a influência maçônica na política sul-americana.

A Pré-Revolução: O Interesse Inglês

        Não há dúvidas quanto a participação inglesa na destruição do Antigo Regime e da fragmentação dos Impérios Católicos. O interesse inglês na dita independência das possessões ultra-marinas da Espanha já é amplamente documentado e é também bastante conhecido o papel das sociedades secretas. A maçonaria foi um verdadeiro ministério clandestino da coroa britânica. Depois da divisão entre Modernos e Antigos, a maçonaria inglesa se reunificou em 1813 sob a liderança dos dois filhos do rei George III: o príncipe Augustus Frederick, duque de Kent, tornou-se o Grão-Mestre do ramo Moderno e o príncipe Edward - pai da futura rainha Vitória – o líder dos maçons chamados Antigos.

O Plano Maitland y las Logias

        Após a perda de sua colônia americana, a Inglaterra estudou formas de aumentar a sua influência no continente. Após proposta de Francisco Miranda, militar revolucionário originário da Venezuela, o general inglês Thomas Maitland desenvolveu um plano que consistia na tomada de Buenos Aires, a travessia dos Andes, a “libertação” chilena e a conquista do Peru por vias marítimas. Não obstante o fiasco das invasões inglesas comandadas pelo Marechal Beresford, o plano foi seguido à risca por um homem chamado José de San Martin. Este, um dos grandes revolucionários americanos, foi muito provavelmente apresentado ao plano dentro da loja maçônica Lautaro, filial Argentina da loja Reunión Americana fundada na Inglaterra por ninguém mais ninguém menos que Francisco Miranda.

Maçonaria e Inglaterra: duas faces da mesma moeda

        Portanto, é risível que praticamente toda a historiografia oficial desconsidere essas informações apresentadas. Assim como todos os historiadores que não consideram o elemento maçônico por detrás dos acontecimentos da Revolução Francesa são ipso facto falsos por incompletude, toda a tentativa de compreensão histórica da geopolítica rio-pratense que não explique o papel desses dois agentes é, na melhor das hipóteses, infrutífera.

         Sem a pretensão de exaurir o assunto e cientes das controvérsias relacionadas, julgamos que apresentamos o mínimo necessário para continuar a nossa exposição.

A Desintegração do Virreinato Del Río De La Plata


        Este é um tema pouco estudado no Brasil e praticamente não há conteúdo sob o viés católico Restauracionista.

        É preciso entender que, diferentemente do Brasil, o processo revolucionário hispano-americano foi completamente caótico e anárquico. Somente após três grandes guerras e mais de 70 anos que a Argentina foi (quase) completamente unificada e “pacificada”. Já o Uruguai passou por pelo menos duas independências e dezenas de outros conflitos, com inúmeros líderes assassinados. Como a brevidade é inimiga da clareza, é impossível resumir em poucas páginas todos os acontecimentos da região. Por isso, faremos uma exposição sumária de personagens e das interpretações históricas.

A Revolução de Maio, Buenos Aires, 1810

        Após a ocupação francesa e a prisão dos Reis em Bayona, a Espanha caiu para nunca mais se levantar. O velho continente se incendiou em guerrilhas anti-napoleônicas e os revolucionários americanos encontram, sob a “máscara fernandina”, a oportunidade perfeita para avançarem sua agenda separatista.

        Após a destruição da oposição realista, com o assassinato de Santiago Liniers e a derrota de Don Francisco Javier de Elío  [Nota: Dona Carlota Joaquina, Rainha Consorte do Brasil, apoiou os exércitos realistas em sua luta contra-revolucionária vendendo todas as suas jóias pessoais], as antigas províncias do Virreinato del Rio de la Plata passaram por inúmeras guerras e disputas. Se era consensual a separação da coroa, o futuro era disputado.

Centralização x Descentralização, Elites Urbanas x Elites Rurais, Capitais Portuárias x Províncias Interioranas

         Praticamente todas as disputas políticas na Região do Prata foram entre a elite portuária e mercantil e os seus opositores caudilhos e provincianos.

        Na Argentina a divisão foi entre Federalistas e Unitaristas. Os federalistas eram a elite agrária, mais ligada ao catolicismo e que defendiam um maior grau de autonomia das províncias. Do lado oposto, os unitaristas eram a elite mercantil e maçônica que lutavam por um maior controle de Buenos Aires sobre as províncias.
        No Uruguai a mesma divisão se deu entre Blancos e Colorados. À grosso modo, é possível dizer que os blancos eram os federalistas do Uruguai e os Colorados eram os Unitaristas de Montevidéo.        

Paraguai

        O Paraguai se separou da Espanha pouco depois da semana de Maio, ficando por fim sob o comando de Rodriguez Francia. Este, fortemente influenciado pelos ideais estadounidenses, defendia uma confederação igualitária entre todas as províncias. O governo unitarista de Buenos Aires rejeitou sua proposta e assim o Paraguai se isolou até o final do regime Francia. Com a morte deste, sucedeu-o no poder a família López. O Pai, Carlos López, tentou modernizar o estado paraguaio. Essa política foi mantida por seu filho, Solano López, até o final da guerra, que se encerrou com sua morte.

        Alguns fatos sobre o regime de Francia no Paraguai: tinha uma relação que oscilava entre neutra e positiva com o governo argentino de Don Juan Manuel de Rosas. Acolheu José Artigas como exilado após sua derrota ao Brasil em 1820. Francia e os López restringiram a atuação maçônica no Paraguai. Os López se aliaram com os Blancos no Uruguai. Os governantes paraguaios de fato defendiam a soberania paraguaia e não possuíam afiliações ou compromissos estrangeiros.

A Argentina e o Uruguai

        José Gervasio Artigas organizou uma liga de lideranças na banda Oriental do Prata que atemorizou tanto os unitaristas como o Reinado de Dom João VI. Pouco depois da declaração de independência das Províncias Unidas del Río de la Plata em 1816, o Brasil invadiu o Uruguai e iniciou a guerra contra Artigas. A leitura de historiadores revisionistas como Leonardo Castagnino é que o governo de Buenos Aires foi conivente e concordou implicitamente com a anexação da Banda Oriental para se livrar de Artigas, o único obstáculo para a unificação de uma pátria grande no Prata.

        Depois da anexação da Cisplatina pelo Brasil, a maçonaria argentina se reorganizou e fomentou a assim chamada “cruzada libertadora”, missão dos trinta e três cavaleiros orientais para retomar a província da Cisplatina e anexá-la a nascente Argentina. Curioso notar que boa parte desses 33 cavaleiros haviam lutado anos antes ao lado de Artigas justamente contra o governo bonaerense que agora os apoiava. É bastante conhecida a filiação maçônica de muitos desses 33 cavaleiros, embora não seja tão comentado o fato de que suas iniciações foram quase todas feitas após a derrota de Artigas. Ou seja, enquanto “profanos” lutaram contra Buenos Aires e depois de “iluminados” apoiaram a política portenha. Curioso, não?

        É importante lembrar que Dom Pedro nesse momento era considerado inimigo da maçonaria por ter tentado subjugar a sociedade secreta aos seus ditames imperiais. Gonçalves Ledo, conhecido como chefe da maçonaria vermelha, se exila na Argentina. Há também que se considerar o fato ainda pouco estudado sobre a presença e atuação dos irmãos Andrada em Montevidéu logo após o retorno do exílio na França [Ver Gustavo Barroso, História Secreta do Brasil – Primeira Parte, Capítulo XVII, página 352 da terceira edição, Editora Nacional]

        De todo o modo, é fato que a bacia do Prata recebeu muitos exilados maçons após o fechamento da Assembléia Constituinte. E vários historiadores apontam a sabotagem interna como uma das causas da derrota de Dom Pedro na guerra da Cisplatina, que saiu politicamente abalado do conflito.

        A guerra termina com a intervenção britânica que força a criação de um estado tampão para garantir os seus interesses na região e limitar tanto a expansão brasileira quanto a argentina. Devido ao desgaste da guerra e outros fatores, os unitaristas são derrotados e há a ascensão de Rosas em 1830. E novamente, acontece a mobilização secreta das lojas para a retomada do poder.

        A revolução maçônico-gaúcha, conhecida como farroupilha, inicialmente de cunho separatista, termina em um acordo com o governo imperial brasileiro em preparação para a guerra contra Rosas. O próprio Garibaldi, famoso revolucionário carbonário, liderou várias ofensivas contra o governo federalista de Buenos Aires.

        Rosas se aliou e apoiou o governo blanco de Oribe no Uruguai. A Argentina de Rosas sofreu um bloqueio Anglo-Francês de 1845 a 1849. As esquadras inglesa e francesa abasteciam-se na Montevidéu controlada por Fructuoso Rivera e eram supridas com recursos do Barão de Mauá, parceiro comercial dos Rothschild no Brasil. A dinastia judaico-maçônica de Felipe Orleans cai em 1848 e pouco depois Napoleão III levanta o bloqueio.

Urquiza, el traidor

        Urquiza é uma figura importante e controversa. Antes de ser argentino, federalista ou maçom, Urquiza era “Urquizista”. Embora federalista, se aliou aos unitaristas para a derrubada de Rosas. Embora Argentino, se mancumunou com estrangeiros contra sua própria pátria. Esta é a chamada de “La primera traicción de Urquiza”. Duque de Caxias, maçom, lidera as tropas brasileiras na batalha de Caseros, que marca o fim da era de Don Manuel de Rosas.

        Com a derrota de Urquiza, a Maçonaria novamente ganha poder e influência.

La Batalla de Pavón: A consolidação maçônico-unitarista

        “La segunda traicción de Urquiza” acontece na batalha de Pavón quando ele, tendo a batalha ganha contra os unitaristas liderados por Mitre, abandona misteriosamente a batalha e vai para casa sem sofrer nenhuma represália.

        O Argentino Jordan Bruno Genta - autor do livro “O Manual do Contra-Revolucionário” e muito elogiado pelo professor brasileiro Eduardo Cruz, pertencente ao partido dos Cristeros - em seu artigo “La Masoneria en la Historia Argentina” apresenta um discurso do presidente Mitre em que o mesmo conta que tal deserção já havia sido pré-arranjada quando estavam de joelhos ante um altar maçônico.  

        Mais uma vez é provada a essência unitarista e anti-federalista da maçonaria argentina.

A Guerra Contra López

        O Paraguai, até então afastado dos conflitos regionais, começa com os governos da família López o seu fortalecimento e modernização. Contrata engenheiros europeus e treina seus oficiais na doutrina do exército prussiano.  Sem divida externa, o Paraguai desenvolve um ambicioso plano de independência econômica através da avançada fundição de Ybycuí, utilizada para a construção de ferrovias, telégrafos, estaleiros e que funciona como indústria militar durante a guerra.

        Desse modo, o Paraguai conseguiu iniciar a construção de uma florescente marinha mercante, tornando-se um perigoso exemplo de desenvolvimento regional. Devido à necessidade de navegação fluvial até o acesso ao mar, os López aliaram-se aos blancos no Uruguai.

A Intervenção Brasileira no Uruguai às vésperas da Guerra da Tríplice Infâmia

        O Uruguai no início da década de 1860 estava atravessando mais uma guerra civil entre blancos e colorados. O general brasileiro Luís Osório, maçom inveterado, realizou a compra de 30 mil cavalos da província de Entre Ríos governada por Urquiza. Essa transação teve ao menos três motivações. A primeira foi suprir o exército brasileiro para auxiliar na instalação do governo maçônico de Venâncio Flores no Uruguai. A segunda consistiu na preparação para a já esperada campanha contra o Paraguai. A terceira visava desarmar os federalistas habitantes das províncias. Os provincianos eram mestres na guerra de cavalaria, mas despreparados para o combate de infantaria. Desse modo, Urquiza desarmou os federalistas e facilitou a hegemonia portenha, realizando grandes lucros na operação.

        O colorado maçom e Grão-Mestre Venâncio Flores, derruba os blancos com apoio do exército brasileiro, desse modo ameaçando a navegação paraguaia em direção ao oceano e gerando o casus belli que dá início a guerra do Paraguai.

        O presidente argentino Bartolomeu Mitre – também maçom - se aproveitou da guerra para forçar os federalistas a saírem de suas províncias e se submeterem ao exército unitarista. Muitos deles se recusaram a lutar alegando que não queriam pegar em armas contra um país irmão, mas queriam lutar contra a tirania unitarista de Mitre.

        Portanto, o presidente Mitre era maçom e o presidente Flores também era maçom. Os maçons uruguaios se valeram de potências estrangeiras para aniquilar a resistência interna. Os maçons bonaerenses se aproveitaram da guerra para desarmar os opositores federalistas e utilizaram da guerra para matar a oposição provinciana. O Paraguai foi o pretexto perfeito para a tomada de poder da maçonaria. Ao Império Brasileiro coube o papel de financiar os conflitos e sacrificar sua população em guerras sangrentas que não eram do interesse nacional, mas que serviam à consolidação do poder maçônico no prata.

O Saldo da Guerra

        Ao final da guerra contra o Paraguai, as repúblicas argentina e uruguaia saíram com suas instituições centralizadoras fortalecidas e com o modelo republicano unitarista consolidado. Nas palavras do mais reconhecido acadêmico brasileiro sobre o conflito, Francisco Doratioto, os maiores ganhadores da guerra foram os membros da elite mercantil de Buenos Aires. Para bom entendedor, meia palavra basta.

        Pela perspectiva maçônica a guerra foi de um sucesso esmagador. As lojas consolidaram sua hegemonia na região, eliminando a oposição interna nas duas margens do Rio da Prata e subjugaram mais um país ao liberalismo do esquadro e compasso. Eliminaram a população católica do Paraguai e ergueram colunas sobre a capital Assunção, com as bênçãos do capelão do exército brasileiro, no terreno cedido pelo primeiro presidente constitucional paraguaio Cirilo Antonio Rivarola. A monarquia brasileira saiu enfraquecida, depauperada e desgastada do conflito. Ao final da guerra a maçonaria brasileira estava um passo mais próximo da derrubada da monarquia e da implantação da república.

Rosas e López: O Mal Menor Ante O Imperialismo Judaico-Maçônico Inglês

        Nesse nosso pequeno artigo mostramos que, muito embora Don Manuel de Rosas, el Mariscal Solano López y los Blancos Uruguayos e não fossem “la espada cristiana”, eram verdadeiros nacionalistas que não estavam alinhados com os interesses maçônicos na região do Prata. Nós Restauracionistas somos simpáticos aos Federalistas Rosistas, aos Lopistas Paraguaios e aos Blancos Uruguaios enquanto alternativa ao mal maior, que é a subserviência total aos planos judaico-maçônicos-britânicos.

A MAÇONARIA E A INGLATERRA DEVEM GRATIDÃO AO IMPÉRIO PEDRISTA POR SER O FIEL GUARDIÃO DOS SEUS INTERESSES NO VIRREINATO DEL RIO DE LA PRATA

        Consolidadas as repúblicas maçônicas na Argentina, Uruguai e Paraguai, era hora das lojas brasileiras tirarem a máscara monárquica e assumirem sua faceta republicana. Assim, 19 anos depois da consolidação maçônica no prata, a maçonaria orquestrou o golpe que instituiu a república brasileira.

Conclusão

        Não é nossa intenção esgotar o assunto, mas meramente alicerçar solidamente os princípios que hão de reger as investigações futuras. Há muitos pontos a serem melhor estudados e compreendidos. Descobrir de que modo a maçonaria atuou como quinta coluna, em quais momentos e quais eram os seus agentes é crucial para o entendimento preciso de nossa história.

        Prestamos nossa solidariedade a todos os católicos contra-revolucionários de toda a Íbero-América. Reforçamos que nossa identidade é católica antes de qualquer nacionalidade. O compromisso da Ação Restauracionista é com a verdade e nossa fé está acima de nações e estados. Deixemos os falsos nacionalismos de lado e façamos guerra pela Cristandade, por Cristo e por sua Igreja. Não nos apeguemos às intrigas e divisões separatistas fomentadas por nossos inimigos, mas abracemos àquilo que há de mais valioso em nossa luta, que eleva nossos ideais e transcende às fronteiras nacionais. Que juntos, Argentinos, Brasileiros, Paraguaios e Uruguaios possamos gritar que Só Cristo É Rei!

Mateus Larsan
Solus Christus Rex Est