Calvinismo na Secreta pelos Vivos e Defuntos?

Boa pergunta - e uma ilustração de por que é preciso pesquisar os termos para entendê-los em seu sentido próprio.

Postado pela Ação Restauracionista em 2025-05-10 18:06:00

Calvinismo na Secreta pelos Vivos e Defuntos?

PERGUNTA: A terceira Secreta que o senhor recitou no último domingo (Pelos Vivos e Defuntos) dizia o seguinte:


“Ó Deus, que só Vós conheceis o número dos eleitos a serem admitidos à felicidade do céu, concedei, nós Vos suplicamos, que, pela intercessão de todos os Vossos santos, os nomes de todos aqueles que foram recomendados às nossas orações e de todos os fiéis sejam inscritos no livro da bem-aventurada predestinação. Por nosso Senhor.”


A predestinação não é uma doutrina calvinista que a Igreja rejeita completamente? Certamente Deus conhece aqueles que salvarão suas almas pela fé, caridade e boas obras, mas a ideia de predestinação como é amplamente entendida, de que Deus decidiu de antemão para onde você irá quando morrer, é considerada heresia pela Igreja, não é? Só preciso de algum esclarecimento.




RESPOSTA: Boa pergunta — e uma ilustração de por que é preciso pesquisar os termos para entendê-los em seu sentido próprio.

Primeiro, a Igreja de fato ensina a predestinação, mas obviamente não no sentido herético dos calvinistas. Você pode encontrar uma explicação do ensinamento católico aqui.

Segundo, o texto latino desta oração provavelmente antecede o calvinismo em quase mil anos.

Um comentário sobre a linguagem do Missal diz que o termo latino liber praedestinationis (livro da predestinação) na Secreta é “uma combinação do ‘Livro das Obras’ hebraico e do ‘Livro da Vida’. Assim, estar inscrito no liber beatae praedestinationis [livro da bem-aventurada predestinação] é uma expressão metafórica para a salvação pela graça e boas obras. Temos aqui, então, um termo jurídico técnico [adcriptus, i.e., ‘oficialmente inscrito’] usado em conjunto com um que teve origem hebraica e um desenvolvimento especificamente cristão.” Mary Pierre Ellbrecht, Remarks on the Vocabulary of the Ancient Orations in the Missale Romanum (Nijmegen: Dekker 1963), 152.

Portanto, nesta oração em particular, é uma metáfora e não pode ser entendida no sentido calvinista.

Bravo pela sua atenção aos detalhes nas orações — e um bravo extra por conseguir me acompanhar mesmo nas comemorações!

Escrito pelo Rev. Anthony Cekada. Publicado na terça-feira, 24 de março de 2009, às 11:09.

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