Salmo 14 - Comentário de Haydock e Santo Tomás de Aquino

Senhor, quem habitará no teu tabernáculo?

Salmo 14

1. Salmo de Davi. Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Ou quem repousará no teu santo monte? 2. Aquele que anda sem mancha e pratica a justiça: 3. Aquele que fala a verdade em seu coração, que não usou de engano em sua língua: Nem fez mal a seu próximo: nem levantou calúnia contra seus próximos. 4. A seus olhos o maligno é reduzido a nada: mas ele glorifica aqueles que temem o Senhor. Aquele que jura a seu próximo e não engana; 5. Aquele que não emprestou seu dinheiro a juros, nem aceitou suborno contra o inocente: Aquele que faz estas coisas não será abalado para sempre.


Comentário de Haydock

Ver. 5. Usura. Isto foi sempre repreensível, embora Moisés a tolerasse no que diz respeito aos judeus emprestarem aos Cananeus. Deut. xxiii. 19. Lc. vi. 35. A lei Romana condenava o culpado a pagar o dobro do ladrão, que devia restituir o dobro do valor do que havia roubado. Catão 1. — Sob a aparência de bondade causa um dano real; (S. Hil. [Santo Hilário]) etiam his invisa quibus succurrere videtur [odiada até por aqueles a quem parece ajudar]. Columel. præf. C. — Subornos, (munera) “presentes.” Mesmo estes são perigosos, pois tendem a predispor o juiz. H. — Tanto a usura quanto agir mal por subornos excluem do céu. W. — Um juiz deve sacudir tais coisas de suas mãos (Is. xxxiii. 15.), pois não pode aceitá-los para dar uma sentença justa ou errada. Seu dever exige que ele dê a primeira [a justa]; de modo que o inocente estaria assim comprando o que era seu. C. — As mesmas máximas devem ser aplicadas a todos em autoridade (H.), a testemunhas, etc. C. — Aqueles que não falharam em nenhum destes aspectos, devem possuir fé e todas as outras virtudes necessárias, antes que possam entrar no céu. Pois quando a escritura atribui a salvação a alguma virtude em particular, não significa excluir as demais. — Para sempre. Todas as coisas terrestres são mutáveis; e, claro, o salmista fala do céu. Se tão grande perfeição era exigida para comparecer no tabernáculo, quanto mais se deve esperar do candidato ao céu! W. — O bom cristão que não cedeu à tentação, pode ali desfrutar de repouso imperturbado. Isaías (xxiii. 15.) usa expressões semelhantes ao descrever o estado de Jerusalém após a derrota de Senaqueribe. C.


Comentário de Aquino

A glosa explica isto de forma diferente: A seus olhos, o ímpio é reduzido a nada, isto é, o diabo é conquistado por ele – 1 João 2: Vós vencestes o maligno etc. O Senhor glorifica aqueles que temem o Senhor, a saber, ele mesmo. Contudo, a primeira explicação é a mais literal.

Aqui, ele se refreia para não enganar seu próximo. O próximo é enganado de três maneiras. Primeiro, em [promessas], e isto, através de um juramento; assim ele diz, Aquele que jura etc. [v. 4], isto é, concorda para enganar, porque não cumpre – Zacarias 8 [v. 17]: Não ameis o juramento falso; Levítico 19:12: Não jurareis falsamente pelo nome do vosso Deus, nem o profanareis. Jurar não pertence à virtude, mas sim o manter um juramento.

Segundo, em acordos. Então, Aquele que não deu seu dinheiro a [usura] – Lucas 6 [v. 35]: Emprestai, nada esperando em troca: e não aceita subornos contra o inocente; Provérbios 17 [v. 23]: O ímpio aceita presentes do seio [secretamente] para corromper o caminho do juiz; Deuteronômio 23 proíbe que seja dado a um irmão com usura, porque ele vende o que não existe [o tempo, que pertence a Deus], [porque] ele não tem usufruto (o direito de gozar do uso e vantagens da propriedade de outrem sem a destruição ou desgaste de sua substância).

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