A finalidade do Motu Proprio: um instrumento ecumênico de união dos Anglicanos com Roma
Terça-feira, 22 de julho de 2008
O Telegraph « já disse demais... »
Crônica da “Reunião Corporativa” dos Anglicanos com a Roma modernista – n°1
Assim como já havíamos mencionado em nosso Blog[1] em 28 de junho de 2008, as intenções ocultas de Bento XVI-Ratzinger começam a emergir à luz do dia: a promulgação do Motu Proprio para o uso do rito de João XXIII era de dupla finalidade: um primeiro golpe para atrair a FSSPX e apressar a assinatura de seu ralliement pelo Monsenhor Fellay, e um segundo golpe para preparar, essencialmente na Grã-Bretanha e no mundo anglo-saxão, a reunião maciça de comunidades anglicanas com a Roma modernista:
« Não posso trair confidências, mas minha opinião é a seguinte : olhem as novas estruturas eclesiais, como as paróquias do Rito Antigo, que o Papa já está encorajando, e perguntem-se como esses modelos poderiam ser adaptados para o uso dos antigos Anglicanos » Damian Thompson, observador religioso do Telegraph
O site Virgo-Maria.org é o único órgão internacional de informação que decifrou e anunciou[2] este plano de recomposição da igreja conciliar, ao divulgar desde a primavera de 2006, o documento fundador de Dom Beauduin lido pelo cardeal Mercier nas conversas de Malines em 1924 : « A igreja Anglicana unida não absorvida ».
Essa reunião constitui uma etapa do que, em seu tempo, o site agora desaparecido, CSI, havia apresentado como a « Operação Rampolla »[3].
É apenas 84 anos depois que esse esquema divulgado em círculos restritos e oriundo dos meios do anglicanismo e da pré-subversão ecumenista, começa a conhecer um início de realização prática, com a cisão em curso em 2008 dentro da Comunhão Anglicana.
A Conferência decenal de Lambeth está ocorrendo atualmente. Ela reúne a maioria dos falsos bispos anglicanos.
Ela foi precedida de uma conferência em Jerusalém (Gafcon), no final de junho, a qual reuniu os falsos bispos conservadores que recusam a « ordenação » das mulheres bispos.
Essa oposição, que representa quase metade dos fiéis anglicanos (30 milhões de fiéis), ainda não formalizou seu « cisma » dentro da Comunidade anglicana. Mas vários de seus representantes estão atualmente negociando e secretamente com o apóstata Ratzinger para obter uma integração em bloco na igreja conciliar.
É claro que os 30 milhões de Anglicanos que poderiam se juntar à igreja conciliar em bloco, pesam mais aos olhos de Bento XVI-Ratzinger do que os 500.000 fiéis da FSSPX. Mas, a realidade é bem diferente, pois, de um lado existem quatro bispos válidos e algumas centenas de sacerdotes católicos válidos e do outro um falso clero Anglicano (perto de 300 falsos bispos e milhares de falsos sacerdotes) cuja invalidez foi proclamada infalivelmente pelo Papa Leão XIII na bula ‘Apostolicae Curae’ (1896).
Além disso, essa massa de falso clero Anglicano (mais de 300 falsos bispos) está prestes a se juntar a um falso clero conciliar que não pertence mais à Igreja Católica, mas a uma nova igreja sem Ordens válidas, após Pontificalis Romani (1968) e a instauração de um novo rito inválido de consagração episcopal.
E esse é todo o paradoxo e o trágico dessa situação de ver Monsenhor Fellay, à frente de um clero válido, prosseguir negociações com uma entidade que está prestes a se fundir com uma entidade condenada por Leão XIII. Uma rede de infiltrados modernistas dentro da obra de Monsenhor Lefebvre possibilitou essa situação inacreditável.
Há dez anos, o TAC (braço mais tradicional dos Anglicanos) vem conduzindo negociações com o padre apóstata Ratzinger para um status de tipo patriarcal.
Já desenvolvemos amplamente essas questões no final de 2006 e em janeiro de 2007.
Iniciamos nesta coluna uma crônica dessa « Reunião Corporativa » de origem anglicano-ecumênica que se revela já determinante para compreender a mutação ratzinguiana da igreja conciliar.
Essa metamorfose, que modificará profundamente a estrutura herdada da Igreja Católica por essa igreja que a eclipsa, corresponde a um plano gnóstico visando criar uma superestrutura constituída de Igrejas nacionais com uma base de unidade que não é de forma alguma a da Fé católica, mas aquela de um agrupamento ecumênico que prolonga o Vaticano II e realiza, através da praxis, a doutrina maçônica destinada a governar a futura Igreja universal.
O padre apóstata Bento XVI-Ratzinger está portanto prestes, a partir de 2008, a realizar um plano rosacruz, parcialmente revelado pelo esotérico francês Saint-Yves d’Alveydre[4] e pelo ocultista satanista cônego Roca, que na transição dos séculos XIX e XX deram algumas visões dos contornos da futura Igreja universal dos gnósticos.
Esse plano é baseado nas concepções dos Martinistas, de Fabre d’Olivet (época da Revolução), em particular, uma vez que Saint-Yves muito lhe deve; de certa forma, ele foi apenas o divulgador dessas ideias. De maneira mais remota, esse plano atualiza o esquema geral de Comenius (século XVI).
A contribuição anglicana nesse plano é a mais importante e decisiva, devido à implantação e ao desenvolvimento histórico das lojas Rosacruz em território britânico e nos círculos globalistas das sociedades secretas de Oxford e Cambridge.
“Mas o que são as Igrejas nacionais? Saint-Yves responde:
“Por este termo: Igrejas nacionais, entendo a totalidade dos corpos docentes da nação, sem distinção de corpos, ciências ou arte, desde as Universidades leigas, as Academias, os Institutos e as escolas especiais, até as instituições de todos os cultos reconhecidos pela lei nacional, à Maçonaria em seu duplo aspecto de culto e escola humanitária, às ciências naturais, à geologia, à astronomia e às ciências humanas, à antropologia e à teologia comparada, até as ciências divinas, da ontologia à cosmogonia.”
Essa totalidade dos corpos docentes de cada nação é o que se chama a Igreja nacional e o bispo nacional que a consagrará em sua pátria será o primaz católico ortodoxo.
Na verdade, fora dessa concordância hierárquica das ciências e dessa Paz social das escolas, só pode haver sectarismo, elementos de divisão política sem verdade de ortodoxia, sem realidade de catolicismo, sem autoridade, assim como sem poder criador de Religião social.
É essa a constituição interior das Igrejas nacionais na qual o episcopado investido do poder dos Apóstolos não terá que fazer mais do que consagrar a soma dos interesses verdadeiramente religiosos de cada nação sem os discutir. Eu sustento que a papacidade ficará feliz em tomar a iniciativa de aconselhar essa constituição a todas as nações europeias do Cristo.
Mas, como a papacidade em Roma está colocada em seu plano ético de predominância clerical latina, resulta que é radicalmente impossível que ela exerça ainda em tal sentido o Soberano pontificado.
Tudo o que se pode esperar é que a majestade de tiara coroará um dia esse governo geral da cristandade, o cume da Igreja universal posicionado na base de todas as Igrejas nacionais, esse edifício católico e ortodoxo, quando ele for elevado»[5]. » Epiphanius, p. 184
Começamos nesta presente mensagem de VM com a tradução para o francês de um artigo do Telegraph britânico. Este jornal está muito ligado aos meios conservadores britânicos, incluindo os maçons. É nesses meios que prosperam as lojas mais tradicionais.
O desvendamento da “reunião” dos Anglicanos com Roma mostra o quanto o “processo” de “retorno à plena comunhão” conseguido pela Roma modernista com a FSSPX não é nada mais do que um engodo e não decorre de uma qualquer conversão do padre apóstata Bento XVI-Ratzinger, mas de um verdadeiro plano maquiavélico de sedução e destruição da FSSPX.
Continuemos a boa luta.
A Redação de Virgo-Maria
Artigo de « Holy smoke » por Damian Thompson, Telegraph[6] - Tradução em português
Um bispo da Igreja da Inglaterra faltará a Roma
Quinta-feira, 26 de junho de 2008, 20:13 GMT Geral
Pelo menos um bispo da Igreja da Inglaterra estará ausente de Roma logo após a Conferência de Lambeth, eu soube por fontes anglo-católicas. E pode haver outras coisas a seguir.
Não posso lhe dizer mais por agora, devido ao caráter sensível das negociações com Roma – e os Bispos Católicos da Inglaterra e do País de Gales, que desconfiam dos Anglicanos Católicos, são perfeitamente capazes de sabotar o processo.
É humilhante admitir que os bispos da minha própria Igreja constituem o principal obstáculo a um progresso significativo do clero anglo-católico e dos fiéis em direção a uma plena comunhão com a Santa Sé – mas isso já aconteceu da última vez, no início dos anos 90, e ainda é o caso hoje.
Felizmente, o Papa Bento XVI é mais aberto a experiências do que o Papa João Paulo II. Ele tem um interesse sustentado no progresso da Comunhão Anglicana Tradicional em direção à reunião – um processo que está sob o controle da Congregação para a Doutrina da Fé, e não pelos ecumenistas confusos do Vaticano.
Não posso trair confidências, mas minha opinião é a seguinte: olhem as novas estruturas eclesiais, como as paróquias do Rito Antigo, que o Papa já está encorajando, e perguntem-se como esses modelos poderiam ser adaptados para o uso dos antigos Anglicanos.
Mas já disse demais…
[1] http://virgo-maria.info/wordpress/?p=61
[3] http://www.virgo-maria.org/articles/F-Rampolla/VM-2006-04-29-1-00-Operation_Rampolla_Complet.pdf
[4] Recomendamos a leitura dos capítulos XII, XIII e XIV (páginas 177 a 209) da obra « Maçonnerie et sociétés secrètes : le côté caché de l’histoire » do coletivo Epiphanius. Esta obra, divulgada pela FSSPX, é editada pelas edições do Courrier de Rome (nova edição 2005).
[5] (406) Saint-Yves, « Mission des Souverains », 1882, pp. 433-4.
[6] http://blogs.telegraph.co.uk/damian_thompson/blog/page/6