O Motu Proprio não é católico
Domingo, 11 de novembro de 2007
Por Senhor Louis-Hubert Remy
As reações ao Motu Proprio de 7.7.7. - Elas não são católicas
Surpreende-nos que algumas análises tentem explicar, melhor, justificar às vezes, o Motu Proprio de 7.7.7.
Por exemplo, na Courrier de Rome, Si si no no, de setembro de 2007, ano XLI, n° 303 (493), onde se pode ler:
A – O que é positivo; B – O que é negativo.
Ou ainda no boletim Le Chardonnet, n° 230, outubro de 2007:
…ambiguidades, contradições, condições, …avanço inesperado, …curioso e decepcionante, …imprecisão, …condições doutrinárias inaceitáveis, …espírito e condições inaceitáveis, e sobretudo: …Roma recua e isso é um bem do qual nos alegramos.
E ainda no boletim Credo, n° 183 de outubro-novembro de 2007:
o Motu Proprio …contém zonas nebulosas.
Ou pior:
«A Tradição ainda não ganhou a guerra, mas certamente acaba de ganhar uma importante batalha**» «*Seria estúpido não reconhecer, ao menos em certos aspectos do Motu Proprio de Bento XVI, uma vitória real, esplendorosa e importante*»** (abade Loïc Duverger).
O mesmo se aplica a quase todos os boletins, a todas as autoridades da Tradição, incluindo o abade Ricossa que:
«…constata com satisfação, …não reconhece, no entanto, …alerta».
É preciso denunciar essas reações: elas não são católicas.
Desde quando, nos documentos romanos, é necessário ressaltar o que é positivo e fazer reservas sobre certos aspectos "considerados" negativos? Desde quando encontramos uma mistura de bom e mau?
Existe algum escrito anterior a 1962 que imponha tal análise? Pascendi, ou mesmo qualquer encíclica antiga, o Syllabus, etc. suscitariam tais comentários?
Há algo positivo, algo negativo? Estaríamos em uma igreja liberal, onde se misturam o verdadeiro e o falso?
Na Igreja de Deus, só há o bom e o verdadeiro. E se um texto apresenta uma mistura de bom, de mau, de verdadeiro, de falso, ele não é da Igreja de Deus e o bom tem apenas um objetivo: fazer com que o mau seja aceito.
Sim, realmente a Tradição perde o sentido católico, a Tradição perde a cabeça.
Esquecemos de Satis Cognitum de Leão XIII:
"Aquele que, mesmo em um único ponto, recusa seu assentimento às verdades divinamente reveladas, abdica muito realmente de toda a fé, pois recusa-se a submeter-se a Deus na medida em que Ele é a verdade soberana e a própria razão da fé" !
um ensinamento que todo católico deve conhecer de cor.
Tomemos exemplos para demonstrar que, em matéria de Fé, a Igreja, não podendo errar nem nos enganar, é impensável que mesmo em um único ponto, mesmo em um iota, possa haver dúvida, e muito menos um erro.
- Suponhamos que um matemático queira usar as matemáticas partindo do princípio: eu me recuso a integrar em meus raciocínios o número 3;
- suponhamos que um artista queira pintar decidindo rejeitar a cor azul;
- suponhamos que um músico escolha ignorar a nota Dó;
- suponhamos que um excêntrico queira falar, ler ou escrever sem a vogal a;
entender-se-á facilmente que essas pessoas não irão longe com tais omissões. Somos obrigados a constatar que, nos domínios matemáticos, artísticos, musicais, gramaticais, é imperativo submeter-se aos milhares de parâmetros incluídos nessas disciplinas,[1] sem excluir nenhum: ou se aceita todos, ou é impossível fazer qualquer coisa.
O mesmo se aplica à Fé. A Fé católica foi criada pelo Criador, por Ele somente, pelo mesmo Criador que criou as matemáticas, as cores, a música, o alfabeto, as línguas com todos os seus parâmetros. Ele criou tudo definitivamente. Como nas matemáticas, como nas cores, como nas notas musicais, como nas letras do alfabeto, nada pode mudar, nada pode ser suprimido, mesmo um iota.
A verdade é única e eterna, mesmo e principalmente em matéria de FÉ
"Meu Deus, acredito firmemente, todas as verdades que Vós nos revelastes e que Vós nos ensinai por Vossa Igreja, porque Vós não podeis nem vos enganar, nem nos enganar".
A Fé de São Pedro, de Santa Joana d’Arc, de São Luís, de São Pio V, de São Pio X, de Pio XII, de todos os santos é, uma, a mesma, completamente a mesma.
E aqueles que suprimiram um elemento da Fé, perdem completamente toda a Fé, exemplo os protestantes que, na prática, suprimiram a Santíssima Virgem Maria. Como podem explicar Gênesis III, 15?
Então, quando se considera que essa nova religião [2] gnóstica [3], maçônica, ecumênica destruiu TUDO, mudou TUDO, a gente grita: «loucos!»
Essa religião que vai contra o primeiro mandamento: Não terás outros deuses diante de mim!
E quando se consideram esses juízos da Tradição, a gente grita novamente: «loucos!», «vocês perderam a Fé!».
Primeiramente, como não perceber que em duas passagens do Breve exame crítico dos cardeais Ottaviani e Bacci, a impropriedade dos termos escolhidos (por eufemismo? por prudência? ou por medo?) é inadmissível.
«… o Novo Ordo Missæ ... afasta-se de forma impressionante ... da teologia católica»
«as reformas recentes ... diminuem incontestavelmente sua fé»
Afasta-se..., diminuem... NÃO. O princípio da não-contradição, a Fé católica não permitem tais expressões. Ou se está na verdade teológica católica, ou não se está; ou se tem a Fé Católica, ou não se tem. Existe A FÉ, não pode haver uma fé católica diminuída. Uma fé diminuída existe, mas não é mais a Fé católica.
Portanto, mantenhamos a firmeza do pensar, tipicamente católica : sim, não; mas não **sim, mas…; sim, talvez… ; …sim e não, que são NÃO.
"Que o seu sim, seja sim, que o seu não, seja não"** (São Mateus, V, 37; II Cor, I, 17, 19; São Tiago, V, 12).
O respeito a este princípio teria evitado a omissão capital – até agora não percebida por ninguém – sobre o pior dos sacrilegios: aquele da celebração, sobre um mesmo altar, dos sacrifícios de Abel e de Caim! [4] É inadmissível aceitar que o NOM, fruto do esgoto coletor de todas as heresias, verdadeiro sacrifício de Caim [5], seja colocado ao nível do Santíssimo Sacrifício da Missa [6]. É inadmissível que o Santíssimo Sacrifício da Missa seja colocado ao nível do sacrifício de Caim. É inadmissível confundir o clero do sacrifício de Caim [7], com aquele do Santíssimo Sacrifício da Missa.
Além disso, teríamos esquecido que se Caim propõe a Abel fazer uma caminhada, era para acabar com ele e assassiná-lo? [8] Compreendemos bem que os dois sacrifícios se opõem a tal ponto que necessitam do assassinato de um pelo outro? Esquecemos Gênesis, III, 15: "Colocarei uma inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu a ferirás no calcanhar" e que o primeiro ato dessa inimidade foi o assassinato de Abel? E por um grande e único motivo:
"...mas Ele não atendeu à sua oferta" (Gên., IV, 5).
Essa inimizade entre os dois sacrifícios perdura, é a explicação atual entre os dois ritos que tornam blasfematória a utilização do mesmo altar, do mesmo clero, para dois sacrifícios tão opostos. Como nos tempos de Abel, este Motu Proprio acabará em assassinato!
Esquecemos demais as lições da luta dos católicos ingleses contra o anglicanismo! É importante reler as páginas 290 a 314 de A Reforma Litúrgica Anglicana, de Michaël Davies, onde é lembrado, que após uma curta pausa, a repressão foi ainda mais violenta e praticamente definitiva. Não é esse o objetivo dos que eclipsaram a Igreja Católica para implementar a Religião Universal que, sob o padre Ratzinger como sob João Paulo II, continua a avançar a passos largos, como prova o último encontro de Nápoles?
Sim, a Tradição perdeu a cabeça, e a etapa do Motu Proprio de 7.7.7. ("documento histórico" para o padre Laguérie), é tão importante quanto a do Concílio, quanto a do NOM, quanto a dos sacramentos. Deus vomita os mornos, Deus vomita os tíbios. Sim, estamos caminhando em direção ao pequeno número profetizado pelo venerável Holzhauser *:
"O texto latino expressa os nomes (nomina), ou seja, um tão pequeno número, que pode-se chamá-los facilmente pelo seus nomes".*
Sim, a Tradição perdeu a cabeça! Até mesmo o padre Belmont que escreveu sem corrigir há dois anos:
« É necessário, portanto, reconhecer que João Paulo II assegura a continuidade da Sé Apostólica, porque só ele pode desempenhar esse papel; … Bento XVI é papa materialiter, o sujeito eleito que ocupa de direito a Sé Apostólica » [9]
Um não-bispo assegurando a continuidade da Sé Apostólica!!! Os braços caem! especialmente porque Leão XIII deixou bem claro que:
"Aquele que, mesmo em um único ponto, nega seu assentimento às verdades divinamente reveladas, abdica muito realmente da fé, uma vez que se recusa a submeter-se a Deus enquanto Ele é a verdade soberana e o motivo próprio da fé".
Mais uma vez, é evidente para um verdadeiro católico que este Motu Proprio não é católico, que este documento não pode emanar da Igreja Católica, mas mais ainda que esta igreja conciliar não é católica, que esta igreja conciliar não é a Igreja Católica. Mais uma vez, repetimos que o problema não é o do "papa", herético, não herético, ou da "sé". O problema é "a seita", essa seita que destruiu tudo (especialmente os sacramentos da ordem e do sagrado); portanto, a única solução é, de fato: tabula rasa. Toda discussão é vã, porque tudo é mentira, ("o que se diz a mais vem do maligno").
Confundir essas duas igrejas (a Igreja de Deus e a seita gnóstica-ecumênica-maçônica do Vaticano deles) é um blasfêmia; confundir essas duas igrejas prova que se perdeu a Fé Católica… com o risco de perder a vida eterna.
- O que você pede à Igreja de Deus?
- A FÉ.
- O que a FÉ lhe fornece?
- A vida eterna.
Que Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua muito santa Mãe nos mantenham na FÉ!
Louis-Hubert Remy,
Domingo, 28 de outubro de 2007, na solenidade de Cristo-Rei
Fotocopie e difunda.
[1] Vamos ressaltar, aliás, que todos esses parâmetros foram criados juntos, pois se faltar um único deles, nada funciona. Além disso, tudo isso foi criado ao mesmo tempo, em um "segundo", no início do mundo, e durará até o fim do mundo, porque sem isso nada poderia funcionar.
A água ferve a 100°, à beira-mar, em todos os lugares do mundo, desde o primeiro dia da criação até o fim do mundo.
Por fim, nunca ninguém adicionou um novo número, nunca adicionou uma nova cor, nunca adicionou uma nova nota musical, nunca adicionou uma nova letra do alfabeto. Tudo foi criado definitivamente.
E se um "inventor" descobre uma novidade (como o número zero), ele não cria o número zero; ele descobre o número zero, criado pelo Criador. Isso obriga a acreditar em um Criador, um Criador cuja inteligência e potência são infinitas, o que, a propósito, condena toda evolução.
Todas essas meditações provam a existência de um Deus Criador. Toda conclusão que rejeita esse Deus Criador não é sem consequência:
Epístola aos Romanos, Capítulo I,
v. 18 Em efeito, a ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda impiedade e toda injustiça dos homens, que, por sua injustiça, retenham a verdade cativa;
v. 19 Porque o que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles. Deus o manifestou a eles.
v. 20 Efetivamente, suas perfeições invisíveis, seu eterno poder e sua divindade são, desde a criação do mundo, tornadas visíveis à inteligência por meio de suas obras.
v. 21 Portanto, são inexcusáveis, pois, tendo conhecido Deus, não o glorificaram como Deus e não lhe deram graças; mas tornaram-se vãos em seus pensamentos, e seu coração sem inteligência se envolveu em trevas.
v. 22 Se vangloriando de ser sábios, tornaram-se insensatos.
E a sanção é sempre a mesma: anteontem, antes do dilúvio; ontem, entre os romanos; hoje, entre os anglicanos e, desde então, entre os conciliares:
v. 23 E trocaram a majestade do Deus incorruptível por imagens que representam o homem corruptível, aves, quadrúpedes e répteis.
v. 24 Portanto, Deus os entregou, no meio das concupiscências de seus corações, à impureza, de modo que desonram entre si seus próprios corpos,
v. 25 Eles que trocaram o Deus verdadeiro pela mentira e adoraram e serviram a criatura em vez do Criador, (o qual é bendito eternamente. Amém!)
v. 26 Por isso Deus os entregou a paixões infames: suas mulheres trocaram o uso natural por aquele que é contra a natureza;
v. 27 Da mesma forma, os homens, em vez de usarem a mulher segundo a ordem da natureza, arderam, em seus desejos, uns pelos outros, cometendo atos infames com homens, e recebendo, em uma degradação mútua, o justo pagamento de seu desvio.
v. 28 E como não se preocuparam em conhecer bem a Deus, Deus os entregou a um senso perverso para fazer o que não convém,
v. 29 Cheios de toda espécie de iniqüidade, de malícia, de fornicação, de avareza, de maldade, cheios de inveja, de pensamentos homicidas, de contendas, de fraude, de malignidade, semeadores de falsas acusações,
v. 30 Caluniadores, odiados por Deus, arrogantes, altivos, fanfarrões, engenhosos no mal, rebeldes a seus pais,
v. 31 Sem inteligência, sem lealdade, (implacáveis), sem afeto, sem piedade.
v. 32 E ainda que conheçam o juízo de Deus, que declara dignos de morte aqueles que cometem tais coisas, não só as fazem, mas também aprovam os que as fazem.
[2] Reler: http://www.a-c-r-f.com/documents/Pere_EMMANUEL-Examen_de_conscience.pdf
Reler também: Eles …TUDO destruíram: http://www.a-c-r-f.com/documents/LHR-Ils_ont.pdf
[3] Como explicou tão bem Dom Tissier em: http://www.a-c-r-f.com/documents/LHR-Gesta_Dei_per_Francos.pdf
[4] Sem esquecer as verdadeiras hóstias misturadas com pão no mesmo tabernáculo! Pão misturado com o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo! Que perda do sentido do sagrado! Que blasfêmia!
E o que pensar das missas chamadas (como em Lourdes) em altares profanados!?
[5] Ler de Phazaël, A nova missa, sacrifício de Caín: http://www.a-c-r-f.com/documents/PHAZAEL-Sacrifice_de_Cain.pdf
[6] O único sacrifício "agradável" a Deus, que permite que as graças nos venham em retorno; na seita conciliar, as graças não mais passam.
Lembremos que antes de 1970 todos os sacerdotes do mundo celebravam a Santíssima Missa, o que não impediu o obscurecimento conciliar onde 2500 bispos, a maioria doutores em ciências sagradas, ainda assim apostataram (reler o versículo 21 acima). Deus havia "recusado o auxílio de Suas graças" (oração da manhã: Meu Deus, Vós conheceis minha fraqueza. Não posso nada sem o auxílio de Vossa graça. Não me recuseis…) ; a explicação está na mensagem de La Salette:
"Os sacerdotes, ministros de meu Filho, os sacerdotes, pela sua má vida, pela sua irreverência e sua impiedade ao celebrar os santos mistérios, pelo amor ao dinheiro, o amor à honra e aos prazeres, os sacerdotes tornaram-se cloacas de impureza. Sim, os sacerdotes pedem vingança, e a vingança está suspensa sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que, por suas infidelidades e sua má vida, crucificam novamente meu Filho! Os pecados das pessoas consagradas a Deus gritam aos Céus e clamam por vingança, e eis que a vingança está às suas portas, pois não há mais ninguém que implore misericórdia e perdão pelo povo; não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Eterno em favor do mundo".
E isso em 1846! Ler: http://www.a-c-r-f.com/documents/PRADEL_de_LAMASE-Cloaque_impurete.pdf Então, desde então! ! !
O que será amanhã com este Motu Proprio? Tremamos por estes sacerdotes e oremos por nossos sacerdotes.
[7] «O concílio concebeu um novo sacerdócio que a empresa de Ecône coloca em perigo», Dom Tissier, Marcel Lefebvre, uma vida, p. 501.
[8] «Vamos aos campos…» Gên., IV, 8, ou seja, …vamos discutir teologia …E Abel, que não havia sido formado em Ecône, não compôs …daí o triste fim dessa história. Quem tem ouvidos para ouvir… Nihil novi sub sole!
[9] Fórum católico reservado ao sedevacantismo, http://sedevacantisme.leforumcatholique.org/message.php?num=1738&SESSION_ID 2005-10-17 07:25:02)