[Virgo Maria] Os Maçons e a Igreja Conciliar

4 lojas maçônicas de rito escocês dentro do Vaticano e de acesso reservado exclusivamente aos clérigos

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Os Maçons e a Igreja Conciliar

Quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

4 lojas maçônicas de rito escocês dentro do Vaticano e de acesso reservado exclusivamente aos clérigos

A representação diplomática do Vaticano feita por lojas maçônicas em alguns países

Em nossa mensagem de 1 de novembro de 2006, citamos as palavras e o vídeo[1] onde, em 1999, Dom Fellay denuncia a presença de quatro lojas maçônicas de rito escocês (reservadas exclusivamente aos prelados) dentro do Vaticano.

Dom Fellay nos informa que um maçom do México faz, em 1992, essa revelação. A obra de Agnoli, editada por Le Courrier de Rome e que Dom Fellay talvez tenha lido (“A Franco-maçonaria à conquista da Igreja”) também contém uma referência a essa declaração. Nós a encontramos e fizemos traduzir para o francês. Portanto, apresentamos aqui o texto desse artigo.

Em particular, na Proceso, uma das principais revistas políticas do México, Carlos Vazquez Rangel, Grande Comendador do Conselho Supremo dos Maçons do México se expressa. John Kenneth Weiskittel relata suas palavras:

“Neste entrevista, Vazquez faz declarações surpreendentes. Ele declara à Proceso, indica Martinez, que “o novo Embaixador junto à Santa Sé, Enrique Olivares Santana, [é] um irmão de loja, um “militante de honra” do Rito escocês e “o mais eminente Maçon dos últimos anos”. Antigo Governador do Estado de Aguascalientes e antigo ministro do Interior, Olivares preside o Comitê de Ação Política do partido no poder, o FRI” (Frente Revolucionário Institucional). Vazquez diz temer que o embaixador encontre em Roma “reacionários”, mas acrescenta que lá encontrará também Maçons, pois “nos oito quarteirões que constituem o Estado do Vaticano, funcionam nada menos que quatro lojas do Rito escocês... Muitos dos altos dignitários do Vaticano são Maçons, e em alguns países onde a Igreja não é autorizada a operar, são as lojas que vão conduzindo clandestinamente os assuntos do Vaticano.” John Kenneth Weiskittel

Desde a publicação dessas revelações pelo Courrier de Rome do padre du Chalard, o mesmo padre veio fazer conferências públicas com Arnaud de Lassus em Paris, onde repetiu a mesma coisa. Quais são, portanto, segundo o padre du Chalard, parceiro do padre Schmidberger nas relações da FSSPX com Roma, as realizações concretas que ele atribui à ação dessas quatro lojas?

Reúnem-se apenas para tomar chá ou são compostas apenas por ‘braços quebrados’? Ainda esperamos a resposta do padre du Chalard, e a realização do próximo congresso de Si si No no na França seria uma oportunidade para ele fornecer essa lista de realizações concretas dessas lojas, sobre as quais ele permanece bem calado.

Enquanto se tenta fazer crer que a Igreja conciliar ainda é a Igreja católica, consideramos que tal contradição se torna insustentável à luz dos fatos contrários que não param de se acumular.

Continuemos a boa luta.

Padre Michel Marchiset


Texto traduzido do original em inglês

(com nossos agradecimentos ao tradutor)

Publicado por The Athanasian, Vol. XIV, n° 4, 1 de junho de 1993. Editor: Padre Francis E. Fenton, STL. Publicação dos Católicos tradicionalistas da América.

Os Maçons e a Igreja conciliar

John Kenneth Weiskittel

Quando no último outono, o México e o Vaticano concordaram em estabelecer relações diplomáticas entre si, a notícia percorreu o mundo. Um tal interesse não é surpreendente, dado o histórico de relações tensas que sempre existiram entre as duas partes. Apesar de seu rico patrimônio católico romano, o México sofreu uma série de governos anticatólicos, maçônicos e comunistas desde a promulgação em 1855, pelo governo de Benito Juárez, de leis muito severas contra a Igreja. O pior aconteceu na década de 1920, com a perseguição sangrenta aos católicos, que corajosamente tentaram derrubar seus opressores. Até tempos recentes, o direito civil proibia os padres de usar o hábito religioso nas ruas. Hoje ainda, o México continua a ser um Estado maçônico e anticatólico.

É por isso que, durante um século, nenhuma troca de diplomatas ocorreu entre a Santa Sé e o governo mexicano. É desnecessário dizer que o Vaticano de 1992 apresenta apenas uma semelhança superficial com o de 1892. Quem, conhecendo a extensão da apostasia da Igreja “católica” conciliar, poderia se espantar com essa recente traição? Afinal, isso é apenas natural, considerando as circunstâncias. No entanto, as aparências escondem muitas coisas.

Mary Ball Martinez, uma conciliar que tende à tradição (autora de From Rome Urgently e The Undermining of the Catholic Church) e que vive no México, publicou, antes de sua turnê de conferências do ano passado na Califórnia, um comunicado de imprensa no qual fazia declarações bastante reveladoras sobre a reação dos Maçons mexicanos às novas relações diplomáticas, ao segundo Concílio do Vaticano e à política da Igreja conciliar em geral. A fonte dessas revelações não é outra senão Proceso, uma das principais revistas políticas do país, que publicou uma entrevista com Carlos Vazquez Rangel, Grande Comendador do Conselho Supremo dos Maçons do México.

Nesta entrevista, Vazquez faz declarações surpreendentes. Ele declara à Proceso, indica Martinez, que “o novo Embaixador junto à Santa Sé, Enrique Olivares Santana, [é] um irmão de loja, um ‘militante de honra’ do Rito escocês e ‘o mais eminente Maçom dos últimos anos’. Antigo Governador do Estado de Aguascalientes e antigo ministro do Interior, Olivares preside o Comitê de Ação Política do partido no poder, o FRI” (Frente Revolucionário Institucional). Vazquez diz temer que o embaixador encontre em Roma “reacionários”, mas acrescenta que lá encontrará também Maçons, pois “nos oito quarteirões que constituem o Estado do Vaticano, operam nada menos que quatro lojas do Rito escocês… Muitos dos mais altos dignitários do Vaticano são Maçons, e em alguns países onde a Igreja não é autorizada a operar, são as lojas que conduzem clandestinamente os assuntos do Vaticano.”

Ele declara ainda que, durante o Concílio, um bispo mexicano (secretamente maçom), Sergio Mendez Arcea, havia lançado um apelo urgente pela “revogação da Bula do papa Clemente V [sic; na verdade, tratava-se do papa Clemente XII, que publicou sua condenação à maçonaria em 1738], que proibia os católicos de aderirem à maçonaria sob pena de excomunhão”. Além disso, ressalta Vazquez, esse apelo de Mendez acabou resultando em resultado (já que o Código de Direito Canônico “revisado” de 1983, devido a João Paulo II, pretende suprimir essa pena de excomunhão).

Durante as pesquisas realizadas para o presente estudo, consultamos algumas obras sobre o Concílio para estabelecer o papel que Mendez desempenhou. Nenhuma menciona a pertença deste último a uma loja nem o apelo que ele teria feito, conforme indicado acima. Mas em seu livro Le Rhin se jette dans le Tibre (Augustine Publishing Co., 1978, na versão inglesa), o padre Ralph Wiltgen menciona uma intervenção bastante conforme ao pensamento maçônico: durante a segunda sessão, Mendez argumentou contra o uso da expressão “Mãe de Deus” como título para a Bem-Aventurada Virgem Maria (veja p. 240).

Mas o impensável está por vir nas palavras de Vazquez:

“No mesmo dia, em Paris, o profano (“não-maçom” no jargão maçônico) Angelo Roncalli (João XXIII) e o profano Giovanni Montini (Paulo VI) foram iniciados nos augustos mistérios da Fraternidade. Assim verifica-se que uma grande parte do que foi realizado no Concílio repousava sobre os princípios maçônicos” [sublinhemos nós].

Quatro lojas do Rito escocês (a vertente mais abertamente anticatólica da maçonaria) no Vaticano? Dignitários da Santa Sé pertencentes à maçonaria? Está o Vaticano colaborando? Um bispo maçom no Vaticano II? E dois “papáveis” se tornando Maçons? O que acreditar sobre tudo isso?

Para responder a essas perguntas, na medida do possível (eventual pertencimento de João XXIII e Paulo VI às lojas exigiria que se apresentassem provas absolutas), é possível seguir várias pistas de investigação. As hipóteses sugeridas acima devem ser compatíveis e corroboradas por: 1. o que outros Maçons dizem sobre o Vaticano II e suas consequências; 2. a prova da existência de um plano maçônico de infiltração da Igreja e a verificação de seu sucesso, se for o caso; 3. as reações pró-maçônicas dos membros do Concílio; 4. a prova de que as “reformas” do Concílio vão na direção dos objetivos da maçonaria. No entanto, infelizmente, é possível demonstrar tudo isso.

Inimigos mortais tornados amigos íntimos?

O Grande Comendador Vazquez declara triunfante que “uma grande parte do que foi realizado no Concílio repousava sobre os princípios maçônicos”. No entanto, a doutrina da maçonaria é diametralmente oposta à da Igreja: a Igreja ensina que Ela é a verdadeira Fé, enquanto, segundo a maçonaria, todas as religiões são igualmente válidas (indiferentismo, salvação universal, universalismo); a Igreja ensina que todos os homens são obrigados a aceitar a única verdadeira Fé, enquanto a maçonaria promove a “liberdade de consciência” (liberdade religiosa); a Igreja ensina que Ela apenas, por sua missão divina, possui a autoridade necessária para ensinar sobre questões morais, enquanto a maçonaria apresenta a moralidade como uma questão privada… E assim por diante.

Faz muito tempo que a maçonaria declarou sua constante aversão à Igreja e a tudo o que é católico. E os papas a condenaram repetidamente nos termos mais veementes: o papa Pio IX a chamava de “a Sinagoga de Satanás”, e o papa Pio XI declarou “A maçonaria é nosso mortal inimigo” (citado por Dom E. Jouin em Papado e Maçonaria, nas páginas 17 e 31, em uma edição em inglês da Christian Book of America – data não indicada).

Os defensores do Vaticano II devem mais explicações do que as que Vazquez oferece. As “reformas” suscitaram reações tão positivas por parte das lojas (…), até mesmo antes da conclusão do Concílio, que Dom Marcel Lefebvre estava justificado em dizer:

“As declarações são numerosas, os inimigos tradicionais da Igreja se regozijam ao ver membros eminentes da Igreja defensores das ideias que eles [esses inimigos – JKW] sempre defenderam” (V.S.M. Fraser, trad., Um bispo fala, Una Voce da Escócia – sem data – p. 36 a 37).

E a maçonaria não ficou atrás nos elogios.

« O sentimento de universalismo que reina em Roma neste momento se aproxima muito do objetivo de nossa existência»,

escreveu Yves Marsaudon, dirigente do Conselho Supremo francês dos Maçons do Rito escocês;

« assim, não podemos ignorar o segundo concílio do Vaticano e suas consequências […] De todo o nosso coração, apoiamos a “Revolução de João XXIII” […]» (citado pelo Dr. Rama Coomaraswamy, The Destruction of Christian Tradition, Perennial Books, 1981, p. 179).

Não contente em exaltar o triunfo da liberdade religiosa e do indiferentismo professados no Concílio, ele se deleita perversamente em não permitir que os católicos tradicionais percam de vista um ou outro ao lembrá-los de sua origem:

« Os católicos, especialmente os conservadores, não devem esquecer que todos os caminhos levam a Deus [sic – JKW]. Eles devem aceitar essa corajosa ideia de liberdade de consciência que – e pode-se realmente falar aqui de revolução – partindo de nossas lojas maçônicas, se espalhou magicamente sobre a doutrina de São Pedro» (citado por Dom Lefebvre, p. 182).

As coisas em breve vão “melhorar”:

« Nascida em nossas lojas maçônicas, a liberdade de expressão agora se espalhou sobre a cúpula de São Pedro […] É a Revolução de Paulo VI. É claro que Paulo VI, não contente em se limitar a seguir a política de seu predecessor (João XXIII), vai, de fato, muito mais longe […] (citado por Coomaraswamy, p. 179).

O mais preocupante nessas citações é sua origem: o chefe do Rito escocês da França, organização anticatólica mais abertamente militante que se possa conceber.

Mas Vazquez e Marsaudon não são os únicos maçons a se congratularem com o Vaticano II. Jacques Mitterrand, ex-Grande Mestre do Grande Oriente da França, após comparar Pio XII, papa “reacionário”, a João XXIII e Paulo VI, papas “progressistas”, faz comentários abertamente elogiosos sobre a nova mentalidade pós-conciliar:

« Algo mudou na Igreja. As respostas dadas pelo Papa [sic ; Paulo VI – JKW] a questões tão conflituosas como o celibato do clero e o controle de natalidade são violentamente contestadas dentro da Igreja. Alguns bispos, padres e leigos questionaram a palavra do Soberano Pontífice ele mesmo. Ora, aos olhos de um maçom, [aquele] que discute o dogma já é um maçom sem avental» (citado por Dom Lefebvre, p. 182) [sublinhemos nós.]

Esses “resultados positivos” do Vaticano II são comemorados também do outro lado do Atlântico por Henry Clausen, Soberano Grande Comendador do Conselho Supremo dos Maçons do Rito escocês, Jurisdição do Sul, Estados Unidos:

« Muitos de nossos amigos que são membros dessa seita [a “seita” católica! - JKW] rejeitam como estranhas à América as fulminações medievais contra nossa Fraternidade, percebem o quanto temos em comum [sic], aceitam as normas da democracia americana, reconhecem que temos […], uma nova e definitiva forma de relação entre a religião e o governo, e pedem aos líderes de suas igrejas que não mais se voltem contra a maçonaria e as cerimônias maçônicas. Eles esperam ver levantar-se ventos de liberdade capazes de criar na América uma atmosfera amigável e tolerante […] à qual os maçons aspiram como homens de boa vontade [sic – Embora os Maçons dos graus inferiores possam ser de boa vontade, será que o mesmo se aplica àqueles dos graus superiores, como Clausen ele mesmo, que se dedica a rituais que consistem, entre outras coisas, em esfaquear um crânio coroado com uma tiara papal?]. (Clausen, Commentaries on Morals & Dogma, The Supreme Council, 1976, segunda edição, p. 190).

Essas citações são impactantes, pois vêm da maçonaria francesa e (ou) do Rito escocês, que sempre odiou a Igreja. É altamente significativo que tais autores sintam apenas admiração pelo Concílio e suas “reformas”. Os apologistas do Vaticano II poderão sempre alegar que não se pode confiar em Maçons que se expressam sobre questões da Igreja; enquanto isso, que reflitam sobre os seguintes comentários desse Grande Mestre francês sobre a encíclica antimaconica do papa Leão XIII Humanum Genus (1884):

« Que texto terrível contém essa encíclica! […] Fica-se confuso diante de seu tom veemente, dos epítetos violentos, da audácia das acusações, da perfídia dos apelos à repressão secular […]» (citado por Léon de Poncins, traduzido do francês por Timothy Tindal-Robertson, Maçonaria e o Vaticano, Christian Book Club of America, 1968, p. 33).

Esse indivíduo, ele também, não queria realmente dizer o que disse? Claro que sim! Mas por que, nessas condições, duvidar do resto? Com o Concílio, o mal inerente à maçonaria vai parecer desaparecer, mascarado pelos elogios. O impossível aconteceu. Todo católico não deveria se perguntar como tal transformação pôde ocorrer, em que inimigos mortais parecem ter se tornado amigos íntimos?

O complô contra a Igreja

Certos defensores modernistas do Vaticano II afirmam que suas “reformas” constituem uma muito necessária “atualização” da Igreja. Outros, da mesma forma, sustentam que “a mudança estava no ar” e que os Pais do Concílio estavam absolutamente certos ao “abrir as janelas”, como o fizeram. Os críticos do Concílio, por sua vez, tendem a denunciar no Vaticano II o exemplo perfeito de como os prelados podem se deixar capturar pelas opiniões liberais dominantes.

Um tal ponto de vista não é desprovido de pertinência. Opiniões falsas penetraram de fato no Concílio, mas de onde elas vinham? O Vaticano II não tendo sido conduzido em um ambiente estanque, necessariamente vieram de algum lugar. Mas vinham de eclesiásticos? A resposta perturbadora, mas perfeitamente lógica, a essa questão é: sim, de alguns dos homens que haviam jurado defender a Igreja! Embora nem toda a totalidade, nem mesmo a maioria dos homens de Igreja que participaram do Concílio Vaticano II fossem conspiradores, aqueles dentre eles que o eram efetivamente conseguiram instilar o erro em seus decretos.

Os Pais da Igreja foram avisados. Antes da abertura do Concílio, cópias de um livro de quase 700 páginas intitulado O complô contra a Igreja foram distribuídas a cada bispo. O autor, que usava o pseudônimo Maurice Pinay, era um corajoso padre mexicano, o padre Joaquín Saenz y Arriaga, assistido por várias outras pessoas. Na primeira edição (em italiano), há uma passagem que, com o passar do tempo, parece quase profética:

« A conspiração mais infame está em curso contra a Igreja. Os inimigos dela trabalham para destruir as tradições mais santas e, para isso, introduzir reformas tão perigosas quanto mal-intencionadas […] Eles manifestam um zelo hipócrita para modernizar a Igreja e adaptá-la à situação atual; mas, na realidade, têm a intenção secreta de abrir suas portas ao comunismo, apressar o colapso do mundo livre e preparar a futura destruição da Cristandade. Tudo isso deve ser implementado durante o próximo concílio do Vaticano. Temos provas de como esses planos estão sendo estabelecidos em acordo secreto com as forças dirigentas do comunismo, da maçonaria mundial e do poder secreto que as lidera.» (St. Anthony Press, 1967, p. 15.)

Esses terríveis avisos, que não chamaram a atenção dos prelados, se realizaram em grande parte desde então. As portas do comunismo se abriram; o mundo livre está se desmoronando; a destruição da Cristandade continua diariamente. E a Igreja conciliar desempenhou um papel em todos esses eventos. O padre Arriaga estava claramente a par de algo que a maioria dos católicos ignorava. Como ele tomou conhecimento disso? Dado que ele nunca alegou ter recebido uma revelação, seu conhecimento dos fatos em questão devia vir de um estudo aprofundado do assunto. Poderemos fazer o mesmo aqui, embora em uma escala mais modesta.

O que leva a maçonaria a agir pode ser encontrado em uma inscrição visível no Supremo Conselho do Grande Oriente da França: “A luta que ocorre entre o Catolicismo e a Maçonaria é uma luta até a morte, incessante e implacável” (citado por Dom Jouin, p. 3). Em 1895, as lojas afirmam audaciosamente:

“Nós, os Maçons, devemos realizar a demolição definitiva do Catolicismo” (citado por Gustave Combes e o padre Augustin Stock, O.S.B. (tradução), Ressurgimento do Paganismo, B. Herder, 1950, p. 223 e 224).

Por sua vez, o Congresso Internacional Maçônico organizado em 1904 em Bruxelas declara:

“A luta contra a papalidade é uma necessidade social e constitui o dever constante da maçonaria” (citado por Dom Jouin, p. 4) [tipo de letra modificado – JKW]

A primeira declaração de guerra pública foi feita pelo Vaticano, com a encíclica In Eminente publicada em 1738 por Clément XII (em reação à guerra não declarada na qual a maçonaria já havia se lançado contra Cristo). A condenação do papa Clément e todas as outras tomadas de posição de Roma se aplicam às lojas do mundo inteiro, pois estas últimas constituem um corpo único e são, portanto, também anatematizadas. O papa Pio IX escreveu em Etsi Multa (1873):

«Não é apenas o corpo maçônico da Europa que é visado, são também as associações maçônicas da América e de toda outra parte do mundo onde possam existir» (citado pelo padre Edward Cahill, Freemasonry & the Anti-Christian Movement, M.H. Gill & Son, 1949, terceira edição, p. 126).

No dia 20 de abril de 1949 (simbolicamente, sessenta e cinco anos dia a dia após a publicação de Humanum Genus por Leão XIII), a Sagrada Congregação do Santo Ofício do papa Pio XII respondeu nos seguintes termos a uma pergunta dos bispos italianos:

«Como nada ocorreu que motive a menor mudança nas decisões da Santa Sé sobre esta questão, as disposições do Direito Canônico permanecem plenamente em vigor para toda sorte de maçonaria, qualquer que seja» (citado por Paul Fisher, Their God is the Devil, American Research Foundation, 1991, p. 54) [somos nós que destacamos].

O Canon 2335 do Código (autêntico) de 1917 ameaça com excomunhão maior (da qual a absolvição é, portanto, reservada à Santa Sé) os católicos que aderem à «seita dos maçonss» ou a grupos semelhantes; nenhuma distinção é feita quanto ao fato de uma loja ter sua sede em Roma, Bonn, Paris, Londres, Nova Iorque ou Tombuctu. Trata-se de uma proibição universal. No entanto, nada mudou desde então, exceto a percepção dos «católicos» crédulos. A qualquer um que não concorde com o que foi dito, lançamos um desafio: produza um único documento do Vaticano pré-conciliar que exclua nominalmente a maçonaria anglo-americana da censura, e nós o publicaremos nestas colunas. Mas trata-se de uma aposta segura, pois nenhum documento desse tipo existe!

A guerra na guerra

Assim como a Igreja Católica é o organismo universalmente encarregado de levar o Evangelho à humanidade, a maçonaria é o organismo que se esforça para privar as almas e as sociedades de Cristo. O perigo é tão grande que em uma carta de 1892 ao povo italiano, o papa Leão XIII advertia os católicos que deveriam evitar a maçonaria, sob pena de «permanecer separados da comunhão cristã e perder suas almas agora e por toda a eternidade» (citado por Fisher, p. 58); é ele quem destaca. Dez anos depois, ele declarava:

«A maçonaria é a personificação permanente da Revolução [ou seja, a Revolução Francesa – JKW], cuja única razão de ser é fazer a guerra a Deus e à Sua Igreja» (citado por de Poncins, p. 45).

Se a maçonaria foi uma combatente tão formidável, isso se deve a duas razões. Primeiro, longe de ser uma simples heresia, ela é um conjunto complexo de heresias que conseguiu reunir as forças anticatólicas do mundo todo para levá-las a lutar juntas contra Cristo e Sua Igreja. (Infelizmente, muitos líderes católicos leigos – assim como vários bispos e padres – contribuíram para a busca desse objetivo, ignorando os apelos repetidos dos papas para que a praga maçônica fosse erradicada de suas terras.) Em segundo lugar, fiel em seu segredo, a maçonaria não se contentou em atacar abertamente e de maneira sangrenta a Igreja e a ordem social cristã, mas com uma astúcia infernal, arquitetou o plano de penetrar na Igreja e destruí-la de dentro, fazendo com que ela prosseguisse, sem saber (por meio de infiltrados eclesiásticos ou de seus duplos), a realização de seu plano anticristão.

Existem muitas evidências deste complô, que remonta a antes da revolução de 1789 na França. Nos falta espaço para demonstrá-lo integralmente, mas os leitores interessados encontrarão cerca de cinquenta páginas de provas em “The Bugnini File” (o dossiê Bugnini), publicado na edição de março-abril de 1993 da Catholic Restoration [disponível online (em versão PDF) no site novusordowatch]. Por volta de 1908, a maçonaria declarava:

«O objetivo não é mais destruir a Igreja, mas sim usá-la infiltrando-se nela» (citado por Michael Davies, Pope John’s Council, Vol. 2: Liturgical Revolution, Angelus Press, 1977, p. 165).

Um século antes (em 1806), um sacerdote "papista" piedoso, o padre Augustin Barruel, que havia emigrado da França durante a revolução, comunicou ao papa Pio VII as conclusões alarmantes tiradas de seus contatos com um ex-maçom italiano. Sua Santidade, constatando a necessidade de avisar os fiéis, ordenou a publicação de uma análise, na qual se pode ler o seguinte:

«Em nosso próprio solo italiano, eles [os maçons – JKW] já recrutaram como membros mais de 800 eclesiásticos, tanto seculares quanto regulares, entre os quais muitos padres, professores, prelados, assim como alguns bispos e cardeais…» (citado por Arriaga, p. 394) [somos nós que destacamos].

Essa infiltração massiva ocorreu um século antes de o papa São Pio X se queixar, em sua encíclica Pascendi, do número «de padres que [estão] impregnados […] até os ossos de um vírus de erro oriundo dos adversários da fé católica», e mais de um século e meio antes da revolução do Vaticano II! Em 1819, a Alta Venda (Alta Vendita) – órgão diretor das lojas maçônicas da Europa – adotou um relatório interno, a Instrução permanente, que enfatizava os meios a serem utilizados na busca de seus desígnios subversivos. A existência do relatório em questão só foi revelada em 1846, quando este foi publicado com a autorização do papa Pio IX, após uma busca nos escritórios da seita pelo governo pontifício.

Neste documento, encontra-se nada menos do que um plano de batalha visando a vitória da Maçonaria sobre a Igreja: «a destruição definitiva do Catolicismo, e mesmo da ideia Cristã» (citado por Cahill, p. 101). Os métodos previstos para alcançar esse objetivo são os seguintes: instalação na Igreja de uma «cabeça de ponte» composta de agentes infiltrados; campanhas de difamação realizadas por esses agentes contra qualquer fiel – especialmente se for membro do clero – que se opuser à Maçonaria; corrupção dos padres pelos elementos infiltrados, visando à corrupção dos leigos; compromisso de permanecer no lugar o maior tempo possível «a fim de levar a Igreja à cova» (ver Cahill, p. 101 e 103, e Monsenhor George F. Dillon, D.D., Grand Orient Masonry Unmasked, Briton ed., 1965, p. 89 e 90, 93 e 94). Segundo a Alta Venda, a chave do sucesso estava em que seus agentes fossem capazes de simular piedade e ortodoxia a fim de conquistar a confiança, e até mesmo a alta estima dos católicos! Essa admiração deslocada, ensinava, seria o começo do fim da Igreja católica, pois:

«Essa reputação dará acesso às nossas doutrinas no seio do jovem clero, assim como aos fundos dos conventos. Em alguns anos, esse jovem clero terá, por força das circunstâncias, invadido todas as funções: governará, administrará, julgará, formará o conselho do soberano, será chamado para escolher o pontífice que deve reinar, e esse Pontífice, como a maioria de seus contemporâneos, estará mais ou menos imbuído dos princípios italianos e humanitários que começaremos a colocar em circulação […] Que o clero marche sob sua bandeira acreditando sempre que caminha sob a bandeira das Chaves apostólicas. Estendam suas redes como Simão-Barjonas; estendam-nas ao fundo das sacristias, dos seminários e dos conventos em vez de ao fundo do mar; e, se não apressarem nada, prometemos a vocês uma pesca mais milagrosa do que a dele […] Vocês terão pregado uma revolução em tiara e capa, marchando com a cruz e a bandeira, uma revolução que só precisará ser um pouquinho estimulada para incendiar os quatro cantos do mundo.» (Citado por Dillon, p. 94.)

Essa infiltração estava destinada a durar cinquenta anos, cem anos ou mais, tanto quanto fosse necessário para criar uma nova «Igreja católica», uma igreja à ignóbil imagem da maçonaria.

Os amigos «católicos» das lojas

No livro citado acima, Léon de Poncins escreve no subtítulo Uma luta pelo reconhecimento, a fim de destacar que «existe atualmente nos meios católicos uma campanha constante, sutil e determinada em favor da maçonaria» (p. 7). E acrescenta o seguinte:

«Seu objetivo declarado é obter do Vaticano, e do Concílio enquanto este está em sessão, a revisão ou, melhor ainda, a anulação das diversas condenações proferidas pelos papas contra a maçonaria desde 1738 […] (Ibidem)

Essa campanha começou no mais tardar nas décadas de 1920, quando um "jesuíta alemão, o padre Gruber, especialista em questões maçônicas, entrou em contato com três maçons de alto escalão […] (Ibidem). Embora seu nome não seja mencionado, trata-se sem dúvida do padre Hermann Gruber, S.J., erudito austríaco, que escreveu artigos sobre assuntos maçônicos para A Enciclopédia Católica. Esses estudos, embora geralmente precisos, contêm observações altamente suspeitas. Seu artigo sobre os Iluminados rejeita («à luz de nossos conhecimentos atuais») obras que ligam esse movimento à Revolução Francesa (escritas por homens como o padre Barruel ou John Robinson, autor de Proofs of a Conspiracy), cujo conteúdo lhe parece «frequentemente errado» e «extremamente improvável» (Vol. XII, edição de 1913, p. 662 e 663). Mas o padre Cahill, pesquisador meticuloso, não hesita em discernir a existência de um vínculo entre os Iluminados e a Revolução Francesa. Quanto aos maçons franceses, eles nunca se cansam de proclamar a participação das lojas na revolta de 1789. Nessas condições, como alguém que contribui para a redação de uma obra de referência católica pode formular tal afirmação? Não temos resposta para essa pergunta, mas constatamos, desde então, que está sendo feito um esforço crescente para encorajar a Igreja a favorecer a maçonaria.

Os «católicos» pró-maçonaria reagiram com cautela em suas maneiras de se expressar, mas não deixaram de enviar uma mensagem a seus aliados maçons. Uma das vitórias mais glorificadas das sociedades secretas foi a revolução de 1789 na França, na qual o grito de rally dos insurgentes era «Liberdade, Igualdade, Fraternidade». Esta revolução, dirigida tanto contra a Igreja quanto contra a Monarquia, foi condenada como tal por Roma. Um defensor «católico» do Vaticano II enumera assim algumas de suas conquistas:

«Essa libertação do pensamento católico […] permite que a Igreja retome a bandeira da Revolução Francesa, que fez o giro pelo mundo laico antes de voltar a repousar no catolicismo, de onde ela tinha originado [sic – JKW]. Liberdade, igualdade, fraternidade: esse glorioso slogan foi a quintessência do Vaticano II […]» (Henri Fesquet, Bernard Murchland, trad., The Drama of Vatican II, Random House, 1967, p. 815).

O Concílio estabeleceu uma ligação entre os ex-católicos e os maçons. Fisher (citado acima), autor conciliar e antimaçônico inclinado à tradição, observa que os Cavaleiros de Colombo e os maçons agora mantêm «relações de trabalho» e acrescenta:

«Desde 1968, o cardeal Richard Cushing, de Boston, o cardeal John Cody, de Chicago, o bispo Leo A. Pursley, de Fort Wayne-South Bend, e o bispo Robert Joyce, de Burlington (VT) falavam em assembleias maçônicas, enquanto a revista America iniciava uma ampla campanha de imprensa para obter a revisão da lei da Igreja que proíbe a adesão de católicos à Fraternidade Secreta Internacional (p. 55).»

Em 1973, o padre John A. O’Brien, da Notre-Dame, intervindo durante o almoço oferecido pelo Lawyers Shrine Club de Chicago (loja maçônica de advogados dessa cidade), se expressou da seguinte maneira:

«Como católico romano, mestre de pesquisas em teologia na Universidade de Notre-Dame e sacerdote há mais de meio século, quero render aos maçons a homenagem que lhes é devida há tempo demais pela eminente contribuição que eles trouxeram à vida cívica, comercial, científica, cultural e espiritual de nossa nação […]. Se uma contribuição tão rica e variada desaparecesse, nossa nação ficaria muito empobrecida. [Muitos dos] meus amigos mais próximos e queridos são maçons, e sua amizade é inestimável para mim» (citado por Henry Clausen, Clausen’s Commentaries on Morals & Dogma, Supreme Council, 33º Grau, edição de 1976, p. 55).

Essas declarações escandalosas e sacrílegas mostram o quanto o fermento pró-maçônico já estava presente – embora disfarçado – dentro da Igreja há dezenas de anos antes do Vaticano II, e como o Concílio deu luz verde a essa forma de amizade aberta com a maçonaria. Dois fatos são particularmente preocupantes: o fato, para um sacerdote, de falar de uma contribuição maçônica à vida espiritual de nosso país, e o fato de ouvi-lo dizer: «muitos dos meus amigos mais próximos e queridos são maçons» (sem mencionar que ele se atreve a apresentar essa amizade como «inestimável», o que distorce de maneira ímpia as palavras de Cristo sobre o Reino dos Céus! – cf. São Mateus XIII:44-46). E Henry Clausen, que cita tais palavras, não era nada menos que o chefe do Rito Escocês (Jurisdição do Sul), a mais abertamente e ferozmente anticatólica de todas as obediências maçônicas da América.

Clausen escreve:

«uma abertura […] foi feita até mesmo dentro do Vaticano» (p. 191).

Ele cita a alocução proferida pelo «cardeal» John Willebrands (falando em nome do Secretariado conciliar para a Unidade dos Cristãos) durante a celebração do quinquagésimo aniversário do grupo maçônico de meninos DeMolay, que ocorreu no próprio Vaticano. Essa alocução é singular pelo fato de que seu autor silencia a verdade católica, louva um organismo maçônico e defende o indiferentismo. Após dar as boas-vindas aos participantes, ele cita as Escrituras (Deuteronômio 6:5, e São Marcos 12:29): «Ouça, ó Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Portanto, amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força», e «amarás o teu próximo como a ti mesmo». Ele elogia a DeMolay por sua «nobre tarefa», que se baseia nesses mandamentos, e expressa «gratidão e alegria» pelo fato de que esse organismo reúne católicos e protestantes (…) em uma ampla cooperação voltada para o bem da humanidade» (citado p. 191 e 193) [somos nós que destacamos]. Isso foi sem dúvida a primeira vez que um porta-voz da Santa Sé elogiou maçons. No entanto, nada indica que Paulo VI tenha condenado essa alocução mentirosa. Por mais ignóbil que tenha sido o discurso de O’Brien, ele não era de alguém que estivesse a serviço direto do Vaticano. É revelador que a primeira citação bíblica de Willebrands – «O Senhor é Um» – seja aceitável para (…) os muçulmanos e os maçons incrédulos, que têm em comum a negação de que Cristo é o Filho de Deus. Além disso, Willebrands menciona em termos favoráveis a pertencença de católicos a um grupo totalmente capaz de destruir sua fé.

Apelo ao despertar dos católicos

Quando, em 1975, surgiram documentos o acusando de ser maçom, o “arcebispo” Annibale Bugnini, maestro da Novus Ordo Missae (ou seja, a nova “missão”), viu sua carreira despencar. Paulo VI o afastou de suas funções como chefe da Congregação conciliar para o Culto Divino e o enviou para o Irã (não – segundo a doutrina conciliar – porque os muçulmanos precisam ser convertidos, mas porque – alegadamente – eles agradam a “Alá” e estão mesmo salvos por sua fé islâmica).

Mais de cem prelados deveriam, em seguida, ser acusados de terem ligações com a maçonaria, o que é chocante, alarmante, estarrecedor… mas plausível tendo em vista as evidências de infiltração da Igreja que já haviam sido fornecidas pelo padre Barruel e outros historiadores. Os efeitos do Vaticano II e da nova “missa” oferecem, aliás, provas circunstanciais convincentes de que um golpe de força realmente ocorreu. Aqui estão, aliás, três desses efeitos, extraídos de uma longa lista:

  • Profanação galopante das igrejas outrora católicas em nome da “reforma” (descarte dos altares, cálices, estátuas e outros objetos do culto católico, aos quais a nova religião praticamente não reconhece valor algum). Aos olhos dos conspiradores, esse vandalismo oficial resulta em dois benefícios positivos: primeiro, a satisfação maligna que lhes proporciona o fato de assistirem à destruição de objetos sagrados, não por vândalos anticatólicos, mas por aqueles que buscam “atualizar” suas igrejas na linha do Vaticano II; em segundo lugar, e isso é ainda mais crucial, uma profunda diminuição do respeito pelas tradições da Igreja, que permite à seita maçônica transformar ainda mais facilmente os católicos em conciliares.

  • Rejeição do Evangelho em favor de um "evangelho social". Uma etapa decisiva foi a supressão da Missa tridentina, percebida como o maior obstáculo à revolução das mentes dos fiéis, daí a imposição do Novus Ordo Missae. No século XIX, o padre Roca, excomungado por sua pertença a sociedades ocultas e secretas, já havia apresentado um plano nesse sentido. Ele escrevia: “Penso que o culto divino, tal como é regulado pela liturgia, cerimônias, ritos e julgamentos da Igreja católica, sofrerá uma transformação em breve, durante um concílio ecumênico. Este último trará a Igreja de volta à venerável simplicidade da era apostólica e a harmonizará com o novo estágio da consciência e da civilização modernas” (citado por Arriaga, p. 194) [somos nós que sublinhamos]. Ora, as declarações do Concílio e de Bugnini apresentam nítidas semelhanças com esse ponto de vista. Em sua constituição sobre a liturgia, Sacrosanctum Concilium, o Vaticano II preconiza “uma restauração geral da liturgia” (ataque velado à Missa de São Pio V), porque certos aspectos da Missa “não só podem, mas devem ser mudados com o tempo” e que os ritos “reformados” devem ser impregnados de “nobre simplicidade” (Walter M. Abbot, S.J., editor geral, The Documents of Vatican II, American Press, 1966, p. 146 e 149) [somos nós que sublinhamos]. Por sua vez, Bugnini, em suas memórias, defende as mudanças nestes termos: “A redescoberta do espírito […] e o esforço feito para que os ritos falem a linguagem de nosso tempo para que homens e mulheres possam compreender a linguagem dos ritos, que é ao mesmo tempo misteriosa e sagrada” (traduzido para o inglês por Matthew J. O’Connell, The Reform of the Liturgy: 1948-1975, Liturgical Press, 1990, p. 45). O “evangelho social”, pregado pela primeira vez há duzentos anos por Adam Weishaupt, chefe dos Illuminati, é agora popular na seita conciliar como meio de promover o socialismo de tipo “Estado de bem-estar” e de estabelecer pontes para o feminismo, o ocultismo, o ativismo pelos “direitos dos gays”, a Nova Ordem Mundial maçônica, etc. Sua forma mais extrema, que é a “teologia da libertação”, ensina o erro do “marxismo católico”. Roma modernista promove abertamente grande parte desse programa e tolera o restante. Tudo isso, contudo, parece bastante lógico se lembrarmos que essa pseudo-Igreja católica se baseia nos ensinamentos maçônicos da liberdade religiosa, do humanismo (o homem sendo suposto substituir Deus como centro da existência) e do indiferentismo (todos os sistemas religiosos, morais, sociais e políticos sendo considerados equivalentes mais ou menos).

  • Desprezo pelos ensinamentos católicos autênticos em questões como divórcio, controle de natalidade, aborto e homossexualidade por parte de grande parte da Igreja conciliar, e proliferação de padres (verdadeiros ou falsos) moralmente depravados, adúlteros, homossexuais, ou mesmo estupradores de crianças. Uma “tábua” essencial da Instrução Permanente da Alta Venta apresenta grande interesse nesse sentido: “Torne os corações dos homens viciosos e corrompidos, e você não terá mais católicos. Afaste os padres dos altares e da prática da virtude. Esforce-se para ocupar seu tempo com outras coisas […] é a corrupção das massas que nós empreendemos – a corrupção das pessoas pelo clero, e do clero por nós – a corrupção que deve nos permitir um dia levar a Igreja ao túmulo” (citado por Cahill, p. 103).

O presente artigo apenas arranhou a superfície de um problema há muito negligenciado. Através da subversão internacional, os inimigos da Igreja invadiram-na, ocupando abusivamente seus assentos episcopais (incluindo o Santo Sede) e provocando a mutação de uma imensa maioria de seus antigos membros em “católicos” conciliares. Os conspiradores são muito poucos, mas os estragos que causaram na Cristandade, e que são consideráveis, prejudicam a vida espiritual de milhões de pessoas, até mesmo a própria existência das nações. É essa situação que deve acabar… e que acabará , pois a vitória final da Igreja Católica Romana é um fato garantido por Cristo nas Escrituras (“eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” – São Mateus, XVIII:20) assim como por Sua Santíssima Mãe em Fátima (“no final, meu Coração Imaculado triunfará”). Mas, humanamente falando, isso só ocorrerá quando a Igreja militante – agora reduzida a um pequeno remanescente de católicos tradicionalistas – fizer ouvir sua voz. Deus nos pede para nos levantarmos e nos opormos de maneira clara e corajosa a essa invasão insidiosa de Sua Igreja. A nova cativação da Babilônia dura há muito tempo demais; agora, com a graça de Deus, chegou a hora de quebrar nossas correntes.


[1] http://www.virgo-maria.org/articles_HTML/2006/011_2006/VM-2006-11-01/VM-2006-11-01-A-00-Mgr_Fellay_denonce_quatre_loges_au_Vatican.htm

Artigo Original: Virgo Maria