Quando o Sr. Krah convida as cristãs a se despir à maneira das peripatéticas...
por Padre Olivier Rioult | 8 de março de 2017 |
A mulher cristã pode se despir à semelhança dessas mulheres que se entregam à impudicícia? Sim, de acordo com o Sr. Krah, que o vemos aqui em uma foto de família postada em seu blog (http://thecathwalk.net).
Quem é o Sr. Krah? De acordo com sua entrevista com The Remnant (versão em francês publicada no Fórum Católico em março de 2015), ele é religiosamente católico e politicamente "democrata-cristão". Ele se opõe à "declaração" feita pelo Bispo Williamson "sobre o Holocausto". Para isso, ele usou sua "rede de influência, especialmente suas conexões com a mídia" em favor da FSSPX. E ele "não tem problema em dizer" que tem "uma atitude positiva em relação ao Estado de Israel". Este jurista alemão, conselheiro da FSSPX e amigo do Bispo Fellay "gostaria" muito de se "tornar o advogado de uma visão de mundo mais otimista".
No entanto, acontece que este senhor muito ocupado, que "se considera mais um intelectual", é também, em seus tempos livres, moralista e gosta de dar lições de catolicismo...
Segundo ele, "as saias longas são imorais porque são odiosas". É "uma moda" com "caráter repulsivo" porque na "religião católica" "o bem e o belo estão associados". "A estética, o estilo e o gosto" são "valores positivos".
A modéstia, de acordo com o Sr. Krah, é uma "questão de gosto", não dogmática, e ele aconselha a "todo homem" que "se interroga demais sobre o vestuário feminino" para "se confessar" e "procurar uma namorada...".
Para o Sr. Krah, que segue a deriva da FSSPX, a obrigação de "a cabeça coberta (na mulher durante os ofícios sagrados) não existe mais desde os anos 50. Corretamente, porque o cristianismo não é uma religião de leis, mas de amor, de razão, de beleza." [Para a anedota, o Padre Pfluger, o número 2 da FSSPX, pediu a uma mulher que não se cobrisse na igreja sob o pretexto falacioso de que ela era a única na assembleia presente a obedecer à prescrição apostólica...]
E nosso moralista concluiu magistralmente: "Quem se singulariza por questões de vestuário já não faz parte da Igreja, mas de uma seita. Deixemos essas pessoas de lado. Se o homem não pode considerar serenamente a beleza, que inclui certo sex-appeal, que se questione, pois é imaturo."
A profundidade abissal dessas observações deixa tonto e diz muito, não sobre o pensamento bastante reduzido do Sr. Krah, mas sobre a decadência da sociedade "cristã"...
sex-appeal significa: poder de sedução, magnetismo, que suscita o desejo por uma aparência atraente ou por um comportamento provocante. Em resumo, ter sex-appeal é manifestar não apenas certo charme sensual, mas também um atrativo sexual, segundo a própria etimologia da palavra: apelo do sexo.
Se é verdade que a esposa deve procurar agradar a seu marido, é falso e perigoso afirmar, como faz o Sr. Krah, que qualquer mulher pode exibir seus encantos a quem quer que seja nas ruas...
Como o Sr. Krah, para melhor influenciar seu leitor, cola peremptoriamente a etiqueta de "pessoas imaturas" ou "adeptos de uma seita" sobre os católicos atentos à modéstia... lembremos a esse pretensioso personagem alguns fatos.
Entre os membros da seita que "se singularizam por questões de vestuário", citemos o imaturo Bento XV em uma Alocução às mulheres italianas de 21 de outubro de 1919:
"A ignorância pode apenas explicar a lamentável extensão que tomou nos dias de hoje uma moda tão contrária à modéstia, o mais belo ornamento da mulher cristã. Melhor esclarecida, parece-nos que uma mulher jamais teria podido chegar a esse excesso de usar um traje indecente até mesmo no lugar santo, sob o olhar dos mestres naturais e mais autorizados da moral cristã."
Na verdade, o eco ininterrupto da tradição da Igreja Católica e das Escrituras nos lembra "o quanto é funesta a beleza da mulher". Portanto, não deve surpreender que, em todos os tempos, os moralistas cristãos tenham sido severos com as mulheres, tanto em seus escritos quanto no púlpito. O papel que a mulher teve na queda do homem lhes pareceu uma verdade sempre antiga e, ao mesmo tempo, sempre nova.
Se a religião cristã sempre procurou elevar a dignidade que convém às mulheres, ela sempre perseguiu a despreocupação e a imodéstia, favorecendo a reserva e a modéstia de vestimenta, o que, aliás, acrescenta aos encantos da mulher, tornando-os mais puros.
Bourdaloue, célebre pregador do século XVII, faz parte da seita denunciada pelo Sr. Krah:
"Que o sexo seja vaidoso, que seja ciumento de um encanto perecível, que coloque sua glória em aparecer e brilhar, seja pela riqueza dos ornamentos com os quais se adorna, seja pelo esplendor da beleza que a natureza lhe concedeu, é uma mundanidade que lhe foi censurada em todos os tempos..." (VI Domingo após Pentecostes, II parte.)
Em todos os tempos também, houve mulheres que exibiam publicamente a impiedade ou o escândalo, no século XXI como no século XVII, como a Palatina, a duquesa de Bouillon, a condessa de Soissons, de Polignac, as duquesas de Vivonne, de Angoulême, de Vitry e outras que deram motivo a suspeitas por seus ares fáceis... Mas, em todos os tempos, também houve mulheres que lamentaram isso:
"As mulheres deste tempo são insuportáveis para mim", escreve Madame de Maintenon: "seu vestuário, insensato e immodesto, seu tabaco, seu vinho, sua gula, sua grosseria, sua ornamentação, tudo isso é tão oposto ao meu gosto e, parece-me, à razão, que não posso suportá-lo." (Correspondência da duquesa de Orléans, 7 de março de 1696)
Já que as cristãs mundanas se assemelham estranhamente àquelas do mundo da corte real do grande século, propomos ouvir Messire Jean-Louis de Fromentières (1632-1684), bispo e senhor de Aire e pregador ordinário do rei.
O que ele diz diz respeito à mulher que entra na igreja e cuja imodéstia e arrogância profanam os santos mistérios. Mas essa observação ainda vale para a mulher que, exercendo uma violência visual sobre os homens devido a seu sex-appeal, torna-se objeto de escândalo por sua imodéstia.
"Jesus Cristo neste altar alimenta os homens com sua carne para torná-los imortais, para inspirar-lhes sentimentos de pureza, para apagar neles os ardores da concupiscência, e tu, vens aqui com um corpo criminoso, infectar os olhos, envenenar as almas e acender em todo um templo fogo mais detestável que o do inferno! Que atentado! Opor uma carne impura à carne toda santa e toda imaculada do Cordeiro, destruir por um amor infame a caridade mais perfeita de um Deus! Enquanto ele salva os homens, querer perdê-los [...]. Depois disso, mulheres do mundo, sois cristãs? Ah! Que maior desordem poderíeis fazer em nossas igrejas, se fôsseis pagãs! Se fôsseis cristãs, aparecerieis aqui em outro estado que não o de humildade e penitência? [...] não é apenas nas casas particulares, nos bailes, nas ruelas, nos passeios, que as mulheres aparecem com o colo nu; há as que, por uma temeridade horrível, vêm insultar a N.S. Jesus Cristo até aos pés dos altares." (Sermão Sobre as irreverências nas igrejas. 1ª parte)
Em 1683, essa desordem era tão comum que o Papa Inocêncio XI fulminou a pena de excomunhão contra as mulheres que aparecessem nas igrejas com vestimentas inconvenientes... Este simples fato ridiculariza o frequente sofisma que pretende que a modéstia seria uma questão de época, de cultura e de gosto... e prova, ao contrário, que as exigências apostólicas da modéstia não são uma regra moral ligada às condições de uma época, mas uma exigência que a Igreja, liberta do tempo, impõe à mulher em razão de seu significado religioso fora do tempo!
Se a insuficiência do vestuário revela na mulher um desejo imoderado de agradar e seduzir, os trajes e modas das mulheres sempre foram um sinal do estado dos costumes públicos. Também todos os pregadores se levantaram contra um costume que o mundo aprovava, mas que o Evangelho condenava.
"Mulheres do mundo, que passastes os mais belos dias de vossa vida em diversões, em vaidade, que quase não vos negastes nenhum prazer,... mulheres delicadas e sensuais, que vos ocupastes unicamente em lisonjear vosso corpo, em engordá-lo, que perdestes tanto tempo em embelezá-lo como um ídolo, por uma massa de paramentos imoderados ou de ornamentos inúteis... acreditais, de boa-fé, estar quite diante de Deus, renunciar simplesmente a vosso luxo e a vossas diversões, em uma idade em que sois mais incômodas ao mundo do que lhe sois agradáveis, no declínio de uma vida caduca, em que vossa beleza se murcha, em que vossas doenças vos tornam incapazes de saborear o que ainda quereríeis saborear?" (Fromentières, Sermão Sobre a Penitência, III parte)
Deixemos a conclusão de nossas observações a uma mulher. Ela terá o mérito de mostrar o drama espiritual que se esconde por trás da luta pela modéstia e nos permitirá compreender, ainda que lamentando, por que o Sr. Krah prefere o "caminho largo que leva à perdição" em vez do "portão estreito e apertado que leva à vida".
"Uma de minhas grandes vontades é ser devota... não estou nem com Deus nem com o diabo, esse estado me aborrece, embora, entre nós, eu o ache o mais natural do mundo. Não se está com o diabo, porque se teme a Deus, e que, no fundo, tem-se um princípio de religião; não se está com Deus também, porque sua lei é dura, e não se ama destruir-se a si mesmo. Isso compõe os tíbios, cujo grande número não me inquieta absolutamente: entro em suas razões. No entanto, Deus os odeia; é preciso, portanto, sair disso, e eis a dificuldade." (Madame de Sévigné escrevendo a sua filha, Aos Rochers, 10 de junho de 1671)
Possam aqueles que se chamam católicos ser mais atraídos pela virgindade maternal de Maria do que pelo sex-appeal de Eva...
O notário da Sapinière