Satanás na cidade (1/2)
por Padre Olivier Rioult | 16 de janeiro de 2016 |
Conferência em vídeo do Padre Rioult em nove pontos:
- Quem é o diabo?
- Como o demônio se manifesta?
- Do exorcismo: uma luta contra os demônios
- A possessão demoníaca das instituições
- A Revolução é Satânica
- Soberania do Povo e Liberalismo
- Mentira e homicídio
- Filhos legítimos e bastardos
- Conclusão
« Irmãos, fortalecei-vos no Senhor e na sua força poderosa. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo. Porque não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares. » (Ef VI, 10-12)
Artigo em pdf aqui: Satanás na cidade
Satanás na cidade
Hoje, propomo-nos a manifestar a ação diabólica na sociedade contemporânea. Ver o diabo em toda parte é um erro; mas não vê-lo em lugar nenhum é um erro muito mais grave. Baudelaire tinha razão ao dizer que
« a mais bela artimanha do Diabo é fazer crer que ele não existe ».
O Diabo tem uma influência real sobre os homens e sua parcela de responsabilidade está longe de ser negligenciável. Veremos, como dizia M. Blanc de Saint Bonnet, que « nossos erros políticos são na realidade apenas a expressão de erros teológicos » inspirados pelo inferno.
Vamos, durante esta entrevista, inspirar-nos consequentemente no livro de M. Marcel de la Bigne de Villeneuve Doutor em Letras, em Direito e em Ciências Políticas e Econômicas, publicado em 1951 e intitulado justamente Satanás na cidade. Sua intuição fundamental é tão correta que nos pareceu apropriado sintetizar seu pensamento, aprofundá-lo e atualizá-lo.[1]
1. Quem é o diabo?
Se falamos frequentemente do plano de Deus para o mundo, seria um erro desinteressarmo-nos do plano de Satanás, que persegue com uma constância notável e por diversos meios um único objetivo: o fracasso e a destruição da obra de Deus.
Nas nossas sociedades apóstatas, facilmente se dá uma representação do Demônio como algo cômico e ridículo: um diabo que no fundo não é tão mau (muitas mensagens publicitárias usam essa imagem, nos fantasiamos de diabinho e rimos disso...) Na realidade, o diabo é um Carrasco insaciável, o Espírito do Mal, o Leo rugiens das Escrituras, que se empenha na nossa perdição.
O diabo é o chefe de todos os anjos infiéis e condenados. Seu nome é Lúcifer, ele é o Príncipe das Trevas, que, apesar de sua queda, lembra-se de seu antigo esplendor. Mas, se ele perdeu a graça, não perdeu nada de seu poder natural. Sua vida é pura razão e inteligência.
Quando o Evangelho chama Lúcifer de Príncipe das Trevas ou Príncipe deste Mundo, não é uma fórmula literária, mas sim um título que corresponde a um verdadeiro e temível poder. Um poder perigoso e perverso, mesmo que seja limitado.
Inteligência, portanto, superior, Satanás conhece os segredos da natureza que temos tanta dificuldade em penetrar. No entanto, ele não é uma autoridade que se possa consultar para nossa utilidade. Lúcifer é pura revolta contra Deus. Foi ele quem levou nossos primeiros pais à desobediência e ao mal. Ele é O tentador. Dotado de faculdades supremas, mas deliberadamente voltadas para o mal, ele está decidido a nos prejudicar.
2. Como se manifesta o demônio?
Os demônios que se empenham na nossa perdição nem sempre se manifestam de maneira espetacular. O objetivo deles é a completa escravização do homem. E para chegar lá, eles procedem por etapas: primeiro a tentação, depois a obsessão, a fim de obter a possessão (corpo e alma).
Todo mundo já experimentou, em algum momento, ser alvo de uma tentação, que pode, às vezes, ser obsessiva, contradizendo nossa razão e nos empurrando para o mal. A tentação é uma ação demoníaca, um esforço inteligente e persistente de um poder maligno. As tentações e os impulsos ruins da nossa natureza são o grau mais comum da ação diabólica.
A obsessão vem em seguida. Ela se manifesta com um caráter sorrateiro ou brutal, que parece superar nossas forças. Às vezes, traduz-se em fenômenos extraordinários. As obsessões exteriores são chamadas de infestações: ruídos, movimentos de objetos ou até mesmo ataques físicos com golpes, tremores... A obsessão interior inclui visões imaginárias, impulsos anormais, visões aterrorizantes ou impuras, pensamentos de ódio contra Deus, contra pessoas ou coisas consagradas, pensamentos de desespero... Ao desordenar nossa mente e nossa vontade, o objetivo é a desintegração da nossa unidade interior para favorecer a escravização da nossa personalidade. Em resumo, preparar a ocupação infernal da nossa alma e, se possível, do nosso corpo.
Finalmente, vem a possessão. A Igreja entende por possessão, primeiramente, a presença de um espírito maligno que exerce um domínio real sobre o corpo. Mas, sempre que nossa alma aceita se separar de Deus ao cometer um pecado mortal, a alma se torna escrava de Satanás. Ao se condenar dessa forma, ela se torna uma posse do inferno.
3. Do exorcismo: uma luta contra os demônios
Para a ciência ímpia, não existe possessão, apenas grandes doentes nervosos. Mas Cristo e os Apóstolos sempre fizeram uma distinção clara entre os possuídos e os doentes. Eles exorcizavam uns, libertando-os da escravidão do demônio, e se contentavam em curar ou consolar os outros.
O exorcista sabe diferenciar entre um histérico e um possuído. A Igreja faz uma análise rigorosa dos sinais de possessão e descarta todos aqueles que podem ter uma explicação natural. O P. Thyrée, em seu De Dæmoniacis de 1598, distingue entre vários sinais: os falsos a serem rejeitados; os duvidosos a serem descartados; os certos a serem considerados. Dos primeiros, ele forma uma lista de doze. São eles: « A íntima persuasão de estar possuído...; uma conduta perversa...; costumes selvagens ou grosseiros...; doenças incuráveis pela arte dos médicos...; o mau hábito de sempre ter o Diabo na boca...; a impressão de nunca estar em segurança, de se sentir molestado por espíritos...; tentar suicídio...; invocar demônios até perceber visivelmente sua presença...; a fúria...; a perda de memória...; e a revelação de coisas ocultas». Todos esses sinais são falsos sinais de possessão. E ele acrescenta, também desprovidos de significado decisivo, «a cegueira, a surdez, o mutismo, a crueldade contra seu próprio corpo ou contra outros».
O Ritual, por outro lado, enumera pelo menos três sinais certos:
1º) Ignota lingua loqui pluribus verbis: falar ou entender suficientemente uma língua que não se aprendeu
2º) distantia et occulta patefacere: descobrir coisas ocultas e distantes
3º) vires supra aetatis seu conditionis naturam ostendere: mostrar forças acima de sua idade e condição.
O exorcismo, o jejum e a oração são, então, os recursos supremos para libertar esses infelizes possuídos e, no caso de possessão da alma, para obter a graça de uma verdadeira conversão.
A respeito do exorcismo, a Igreja pouco a pouco limitou seu uso para confiá-lo mais especialmente a clérigos. E para melhor demonstrar seu desprezo pelos demônios, ela confiou-o a ministros inferiores da hierarquia eclesiástica. Depois, progressivamente, restringiu ainda mais seu emprego, de forma cada vez mais estreita, para remediar abusos e prevenir acidentes desastrosos. Hoje, ela confia essa tarefa a delegados especiais, escolhidos entre sacerdotes sensatamente provados, experientes e sábios.
A Igreja, no entanto, não repudiou sua antiga tradição. Todo sacerdote, assim como todo fiel, pode sempre, se julgar oportuno, recorrer ao exorcismo. A oração a São Miguel, prescrita por Leão XIII no final da missa, já constitui um exorcismo:
«São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate; sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio. – Que Deus manifeste seu poder sobre ele, é nossa humilde súplica. E vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno Satanás e os outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
Além disso, Leão XIII também publicou um exorcismo contra os anjos caídos para uso geral, nos casos «em que se pode supor uma ação do demônio, manifestando-se tanto pela maldade dos homens, quanto por tentações, males, doenças, tempestades, calamidades de todo tipo.» Em breve, forneceremos a íntegra deste documento.
4. A possessão demoníaca das instituições
Por que o Diabo perderia seu tempo preferindo a possessão dos corpos, quando, por meio da possessão das instituições políticas e governamentais, pelas leis e costumes onde insinua seu espírito perverso, ele pode tão facilmente orientar os homens, aos centenas de milhões, para os caminhos da perdição: o que, não esqueçamos, continua sendo seu objetivo inalterável? Satanás se adaptou perfeitamente ao progresso da ciência. Antes, Lúcifer agia de maneira artesanal, agora ele age de maneira industrial e continua seu trabalho infernal em série, com instrumentos muito mais eficientes. Com o progresso técnico nas mãos dos sem Deus, Satanás produz a escravização das massas [obsessão] e causa muitos disfuncionamentos psíquicos e morais pela perversa corrupção das instituições de toda uma sociedade [possessão].
A relativa raridade das possessões demoníacas individuais não é sinônimo de uma diminuição da intensidade da atividade diabólica; ao contrário, ela se multiplicou. Certamente, Satanás, antes e durante a era cristã, sempre procurou infestar o poder político. Evidentemente! Mas nunca no grau conhecido nas circunstâncias atuais. Todas as instituições laicas e até mesmo religiosas estão hoje infestadas!
A ação diabólica não encontra mais, como no passado, certa resistência dos princípios estabelecidos pela Razão e pela Fé. Satanás conseguiu, pouco a pouco, perverter os princípios da sociedade, fundamentando-os na mentira e no vício.
Portanto, há possessão diabólica dos Estados quando suas instituições são concebidas para excitar e exaltar a malícia dos homens: o Mal está então na raiz dos princípios, fazendo-se passar pelo Bem, decorando a Desordem com as cores da Ordem e o Falso com os aspectos da Verdade.
Pio XII dizia em 19 de fevereiro de 1949:
«Estamos sobrecarregados de tristeza e angústia ao ver que a maldade dos homens perversos atingiu um grau de impiedade inconcebível e absolutamente desconhecido em outros tempos… Isso não ocorre sem as maquinações de um inimigo infernal.»
5. A Revolução é Satânica
O grito de revolta dos Anjos Luciferianos foi:
«Non serviam: Eu não servirei, Eu serei como Deus!»
Tudo converge e sempre convergirá para isso: um amor adorador da criatura que se recusa ao Criador.
«Dois amores criaram duas cidades, escreveu Santo Agostinho, o amor de si próprio em desprezo a Deus e o amor a Deus até o desprezo de si próprio.»
A possessão das instituições por Satanás espalhou pelo mundo o culto de si mesmo, o culto do homem, o «culto antropolátrico», onde o homem se exalta no trono de Deus.
O ideal demoníaco sempre existiu, mesmo quando o Evangelho reinava nas cidades. Mas ele foi freado, combatido e como que acorrentado durante os mil anos de cristandade. No entanto, desde dois séculos atrás, devido ao pecado dos homens e à infidelidade dos cristãos, o demônio foi como que desencadeado. E ele conseguiu tomar o poder da cidade. Isso explica o imenso tumulto e a ruína do universo civilizado a que assistimos desde então.
O cataclismo que sacudiu a França no final do século XVIII causou a infecção e a decadência de toda a Europa. Depois, a apostasia da Europa corrompeu o mundo que ela havia conquistado.
Um lembrete da história política é necessário aqui.
Desde 1789, a França não é mais católica, mas maçônica. Se 496, a conversão de Clóvis, marca a possessão de Deus sobre as instituições, o Gesta Dei per Francos; 1789 marca, por sua vez, a possessão do diabo sobre as instituições do país, é o Gesta Diaboli per Francos.
Alguns ingênuos ou sobrenaturalistas dirão:
«Atenção, nada de política! Todas as opiniões são livres e não devemos ser acusados de ser reacionários ou fascistas; nossa ação seria esterilizada. Aceitemos como um fato as instituições existentes, quaisquer que sejam. Há bem o suficiente a fazer no campo social onde todos podem concordar e evitar as causas de discórdia».
Esses imbecis não percebem que deixam assim o campo livre para Satanás, que se instalou na esfera política porque sabe muito bem que essa posição comanda todas as outras, permite todas as incursões e, depois, todas as conquistas. Os liberais não entendem a importância capital do dogma de Cristo Rei e a malícia mortal e satânica da liberdade religiosa.
A Revolução foi, portanto, uma obra-prima de perversão. Certamente, o orgulho do Grande Luís XIV, a impureza de Luís XV e a utopia de Luís XVI fragilizaram a monarquia cristã. Certamente, houve muita infidelidade no clero, na nobreza e no povo. Mas, sem o concurso da Maçonaria e das Sociedades secretas, a Revolução teria faltado de um agente ativo de decomposição.
«O principal e último objetivo da maçonaria é destruir, desde os alicerces, toda a ordem religiosa nascida da instituição cristã, e criar uma nova ordem segundo sua vontade, que tire seus fundamentos e suas normas do naturalismo.» (Leão XIII, Humanum Genus).
Ordo ab chaos. De fato, desde que essa seita pôde agir em nosso país, a França conheceu seis revoluções (1789-1830-1848-1870-1945-1968), cinco invasões estrangeiras (1815-1870-1914-1940-1945), duas espoliações da Igreja; a expulsão das Ordens Religiosas; a supressão das escolas católicas; a laicização das instituições (1789 e 1901), etc.
E o cenário em escala mundial é igualmente dramático: não se contam mais as revoluções organizadas por Irmãos maçons e os assassinatos de chefes de Estado insubmissos ao seu diktat...
A Revolução foi apenas uma vasta empresa de demolição da ordem cristã e natural. Essa ação tem a assinatura de Satanás, cujo nome hebraico significa literalmente adversário, aquele que é contra.
Em sua obra La Légitimité, Blanc de Saint-Bonnet mostra como uma insurreição, simultaneamente filosófica, política, religiosa, econômica, jurídica, literária... não pode ter outra origem senão o inimigo do gênero humano, que quer «_derrubar a cristandade em um erro capaz de acelerar o fim dos tempos».
«Esse erro derrubará o mundo que Cristo tirou das ruínas da antiguidade. Tronos, hierarquias, crenças, leis, costumes, hereditariedade, propriedade, exército, pátria [raça], tudo será lançado como um objeto destruído na barbárie definitiva.»
Com efeito, desde a Revolução, todas as nações, pela violência ou pela subversão, se fundaram, uma após a outra, sobre os direitos do homem. O resultado está diante de nossos olhos. Assistimos ao seu desaparecimento e ao reino de um globalismo materialista e desumano.
No entanto, já em 23 de abril de 1791, o Papa Pio VI havia reprovado publicamente a Declaração dos Direitos do Homem, denunciando sua oposição com a religião e a sociedade.
A Revolução Francesa foi, portanto, uma etapa apocalíptica que prepara a vinda do anticristo. Pois se houve em todos os tempos ímpios, jamais houve, antes deste século XVIII, uma insurreição legal contra Deus. Pio IX, em sua Encíclica de 8 de dezembro de 1849:
« A Revolução é inspirada pelo próprio Satanás. Seu objetivo é destruir de alto a baixo o edifício do Cristianismo e reconstruir sobre as ruínas o edifício social do Paganismo. »
A Revolução é, portanto, intrinsecamente satânica.
Precisamos agora analisar seu dogma central.
6. Soberania do Povo e Liberalismo
Onde encontrar a base da doutrina revolucionária e a concepção da Sociedade, e por aí o ponto essencial da infestação demoníaca? Nos princípios fundadores de A Declaração dos Direitos do Homem:
"Todos os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos." & "O direito e a lei não são outra coisa senão a vontade da maioria regularmente e livremente expressa." & "Todo indivíduo é livre e soberano por natureza e por essência, de modo que não pode renunciar a esse direito natural; sua vontade só se detém no ponto em que atentaria contra a liberdade correlativa de outrem."
Assim, o dogma infernal por excelência, aquele onde Satanás reside de preferência e que constitui para ele o melhor meio de corrupção, é a Soberania do Povo com sua consequência: o Liberalismo.
I) a Soberania do Povo é uma heresia
"A Soberania do Povo é uma heresia", este era o título de um panfleto do abade Charles Maignen. Ele mostrava como a Soberania do Povo se opõe diametralmente à noção cristã do Poder.
O Cristianismo coloca como princípio primeiro e absoluto que "todo poder vem de Deus" e deve, consequentemente, para ser legítimo, ser exercido de acordo com Suas leis estabelecidas na natureza ou reveladas sobrenaturalmente. Esta Vontade divina é, portanto, superior a toda decisão humana, mesmo da Maioria, mesmo da humanidade inteira... Se, portanto, uma lei humana contradiz diretamente o bem divino, "é preciso obedecer a Deus antes que aos homens" pois então a lei humana torna-se nula e sem força moral.
Leão XIII, na Encíclica Inscrutabili Dei, reprova os defensores do dogma revolucionário por terem
"por uma impiedade totalmente nova e que os pagãos mesmos não conheceram, eliminado Deus do governo e proclamado que a autoridade pública não tomava dEle o princípio, a majestade, a força de comandar, mas da multidão do povo, a qual, crendo-se desobrigada de toda sanção divina, não mais sofreu estar submetida a outras leis que não aquelas que ela mesma teria imposto conforme seu capricho."
Renegar esta doutrina católica é renegar a tradição apostólica. Mas é também um absurdo. Pois, a Soberania do Povo é uma impostura que não é na realidade senão a tirania do Número manipulado pela plutocracia. Com efeito, "Quem é governado? O Povo" nos dizem; "Quem governa? O Povo" ainda; "De onde vem a autoridade? Do Povo" sempre." Brinca-se com as palavras; e é esta ridícula doutrina que nos governa. Satanás e seus asseclas lisonjeiam o orgulho e a estupidez dos homens para melhor governá-los.
Esta doutrina da Soberania do Povo não deixa logicamente mais nenhuma soberania para Deus que não é mais tolerado senão na medida em que o povo consente. O Povo (na realidade Satanás e seus asseclas) se substituiu a Deus, ele se tornou Deus. O homem não tem mais deveres fora daqueles que ele quer livremente se impor ou se reconhecer a si mesmo; O homem se fez lei... Ele é, portanto, Deus. Não há, portanto, mais lei moral imposta por uma natureza criada por Deus... "A Revolução não é senão a tentativa de organização do mundo sem Deus e contra Deus. É a heresia total" escreveu o abade Charles Maignen.
A Soberania do Povo é também uma negação prática da Queda original que provocou a mancha primitiva do homem. Se com efeito o mal existe no homem desde seu nascimento, o homem carrega em si tendências más que não podem ser combatidas e refreadas senão pela graça e por uma autoridade esclarecida, como ensina o Cristianismo.
Ora, a Soberania do Povo quer que o indivíduo nasça bom, inteligente e livre. É o que afirmam estupidamente Jean-Jacques Rousseau e todos os filósofos doutrinários da Revolução. A democracia é, portanto, fundada sobre um ato de fé: aquele na bondade da natureza humana. Mais uma vez se atinge o Ridículo e o patético! Pois a crença na "imaculada conceição" do homem, segundo a expressão célebre de Blanc de Saint-Bonnet, é a causa de nossa ruína.
Lúcifer conseguiu, portanto, institucionalizar a falta de nossos primeiros pais que o Tentador havia feito cair ao lhes prometer falsamente: "Sereis como deuses!"
II) O Liberalismo é um pecado
Em vez de aceitar que a Liberdade no homem seja relativa, isto é, a faculdade de discernir o bem e de o realizar, liberdade que será então a fonte de nossos méritos; a Revolução, tal como a Reforma protestante, da qual é filha, só quer encontrar no livre arbítrio do homem o direito absoluto de definir sua Liberdade. A Revolução não fez, portanto, senão estender à maioria, oficial e legitimamente, este delirante direito de fazer legalmente o mal como o bem moral. É o Número que só ele decide soberanamente do justo e do injusto, do bom e do mau. Tal é o princípio primeiro e absoluto da organização social. Tal é o fundamento do Liberalismo. E isto é um pecado:
"Pecado na ordem das doutrinas porque afirma ou supõe a independência absoluta da razão individual no indivíduo e da razão social na sociedade. Pecado na ordem dos fatos, porque aí representa a imoralidade radical na medida em que destrói o próprio princípio de toda moralidade, consagra a noção absurda da moral independente, porque é intrinsecamente a infração universal e radical da lei de Deus da qual autoriza e sanciona todas as infrações. A heresia radical e universal, porque compreende todas as heresias. É na ordem das ideias o erro absoluto e, na ordem dos fatos, a absoluta desordem. Por conseguinte, nos dois casos, é um pecado extremamente grave, pecado mortal. Consequentemente, salvo o caso de boa-fé, de ignorância e de irreflexão, o fato de ser liberal constitui um pecado maior do que o da blasfêmia, do roubo, do adultério, do homicídio ou de qualquer outra coisa defendida pela lei de Deus e castigada por Sua justiça infinita." (Dom Sarda y Salvany, O Liberalismo é um pecado, Cap. III.)
7. Mentira e homicídio
« O pai de quem sois é o diabo [...] ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque não há verdade nele [...] ele é mentiroso e pai da mentira » (João VIII, 44).
A mentira e o assassinato são, portanto, dois sinais que nos permitem reconhecer a ação de Satanás. De fato, a obra do diabo sempre tende ao nada. Na verdade, ele só sabe destruir... : destruir a verdade, destruir a vida...
A Mentira...
Desde a Revolução maçônica de 1789, o Príncipe da Fraude e do Engano conseguiu estabelecer no mundo um grau excepcional de confusão e mentira.
Mentira nas instituições fundadas na Soberania do Povo "A autoridade não é nada mais do que a soma do número e das forças materiais", erro que foi em vão condenado pela proposição 60 do Syllabus.
Mentira na política que invoca o Bem comum e o Interesse geral para servir aos interesses de partidos [sejam eles ideológicos (o Crif) ou financeiros (os conglomerados industriais)...]. O Papa Pio IX qualificava o sufrágio universal de "mentira universal".
Mentira na economia. O Estado faz leis para abertamente e legalmente nos roubar e nos espoliar. [Pompidou, ex-diretor do banco Rothschild, fez passar uma lei obrigando a França a pedir emprestado a bancos privados para regular sua economia. Aí está a fonte da Dívida! Todos os presidentes da República desde então têm sido marionetes ou funcionários das finanças apátridas e cosmopolitas]
Mentira na Justiça, prostituída aos poderosos do dia e serva dócil da iniquidade triunfante. Os culpados não são incomodados [caso DSK, Fabius era responsável mas não culpado... Presidente dos EUA recebe o Prêmio Nobel da Paz... quando não há pior política terrorista do que a da oligarquia anglo-americana] mas o inocente é perseguido [veja o "testamento jurídico de V. Reynouard" ou "Tenho orgulho de ter sido condenado a 6 meses de prisão por delito de opinião de Boris Le Lay"]
Mentira na polícia, instrumento nas mãos dos tiranos contra o instinto de sobrevivência dos povos subjugados [veja a manipulação dos antifa ou a repressão violenta da pacífica "manifestação pela família" uma vez comprovado o fracasso de sua infiltração pela miserável Frigide Barjot].
Mentira na educação, que não é mais do que uma "fábrica de idiotas", nas palavras de um ex-ministro. A escola da república é uma gigantesca obra de propaganda maçônica. Nunca se aprenderá que somos criaturas de Deus, mas se tentará fazer acreditar que somos primos do macaco a quem cabe escolher sua identidade sexual...
Mentira na mídia, mais frequentemente por omissão e pela perversão da linguagem, uma vez que eles forçam as palavras a dizerem o oposto do que significam. [Sem-teto para clandestino... solidariedade com os refugiados quando estamos diante de uma invasão econômica e ideológica... IVG para assassinato de uma criança... danos colaterais para crime de guerra,....]
Mentira na "ciência". Poderíamos falar da fábula das camadas geológicas que provariam a idade dos fósseis, da ridícula história do elo perdido, do aquecimento global... mas vamos parar no principal. O desprezo pelas provas científicas do miraculoso Sudário de Turim que envolveu o corpo de Cristo crucificado e ressuscitado. [Para aqueles que querem entender por que não há dúvida sobre o caráter miraculoso e autêntico do Santo Sudário de Turim, veja os vídeos do Sr. Arnaud-Aaron Upinsky, Diretor do Simpósio Científico Internacional de Roma.]
Passo sobre as mentiras do povo comum que muito sofreu com seus representantes eminentes que geralmente usam a inversão acusatória. Para isso, remeto-o aos trabalhos excepcionais do Sr. Hervé Ryssen: as esperanças planetárias, a máfia judaica, o fanatismo judaico...
Terminarei com a Mentira entre os próprios partidários da verdade que, supostamente, para evitar um mal maior, julgam dever compactuar com o mal, exibir opiniões falsas que não são as suas na vã e ridícula esperança de fazer avançar suas ideias. São os covardes, os moderados, os liberais... eles têm medo de serem tomados por reacionários, fascistas, antissemitas...
"O liberal é um homem que venera o Bom Deus, mas respeita o diabo. Ele aspira à ordem e lisonjeia a anarquia. [...] Ele é o homem das concessões perpétuas"[2]
Não há nada pior para a verdade do que ser sistematicamente misturada com uma parcela de erro, ou dar à mentira sistematicamente uma parcela de verdade. Isso torna a mente dos homens louca, é a destruição da inteligência dos homens que, para a grande maioria, tornam-se praticamente incapazes de discernir sua direita de sua esquerda, e assim viverão como se o verdadeiro e o falso fossem intercambiáveis.
Tudo isso leva à paz maçônica, ou seja, ao caos, à união no erro.
O homicídio
A Revolução é uma religião satânica, seu credo está condensado na Declaração dos Direitos, seus Doutores são os parlamentares e seus Pontífices são os financistas apátridas e cosmopolitas. A educação nacional ensina o catecismo republicano obrigatório, composto de slogans muito simples constantemente repetidos para melhor saturar os cérebros. A mídia, escrava de Mamon, continua o trabalho fora da escola para doutrinar incessantemente as multidões.
A Revolução tem seu culto e seus objetos sagrados, figurados pelas urnas eleitorais e boletins de voto. Ela tem seus fiéis, dos quais teremos que falar mais adiante. Ela tem seus fanáticos, pois como toda religião satânica, ela precisa regularmente do sangue humano. Onde não reina mais o sacrifício redentor de Cristo, surge sempre, sob uma forma ou outra, a orgia dos sacrifícios humanos.
A Revolução não se limitou a plantar árvores da liberdade adorando a Razão humana. Na verdade, ela odiou tudo o que contradizia sua liberdade viciosa: Deus, Cristo, a Igreja e as leis naturais. Esse delírio se traduziu em um massacre universal interminável.
Há dois séculos, nesse campo, o progresso não para: só temos o embaraço da escolha. Claro, a escola nunca se estende sobre esses fatos ou, quando os evoca, é para deformá-los.
A primeira honra vai para o Terror republicano de 1789, que inspirou a Revolução vermelha de 1917 na Rússia, a de 1936 na Espanha, bem como a depuração de 1944, que foi curta, mas intensa. Para realmente entender a extensão desses homicídios, é preciso fazer prova de revisionismo histórico.
Quarenta mil sacerdotes, ou seja, cerca de um terço do clero francês, foram massacrados pela Revolução Francesa. Os sacerdotes pereceram amontoados em prisões, massacrados, guilhotinados, fuzilados, espancados, sabreados... Durante todo o Terror, o número de suspeitos encarcerados chegou a meio milhão, o de condenados à morte a cerca de dezessete mil, aos quais devem ser acrescentadas mais de vinte e cinco mil vítimas executadas sem julgamento. A jovem república francesa, laica e indivisível, guilhotinou 35.000 pessoas em Paris em dois anos, fuzilou 3.500 pessoas em Angers em um mês, afogou 5.000 pessoas em Nantes em algumas semanas, etc. etc. etc.
Não satisfeito em enganar a humanidade, Satanás e seus asseclas têm prazer em horríveis matanças. Depois da duplicidade, vem a crueldade. Nunca se celebrou tão pomposamente o sagrado direito à vida e as imprescritíveis prerrogativas da dignidade humana desde a Revolução, mas nunca também correram tais torrentes de sangue pelo mundo; na verdade, nunca a existência dos homens foi mais sujeita e tiranizada por leis arbitrárias e impessoais, mais desprezada, mais alegremente sacrificada a ideologias nebulosas e vãs; nunca os sacrifícios humanos haviam tomado essa escala terrível.
A medalha de ouro pode ser atribuída aos aliados da Segunda Guerra Mundial, aos soldados da democracia, da liberdade e da paz no mundo... etc., etc., etc. A tranquilidade da crueldade das escadrilhas inglesas e americanas que bombardearam a Alemanha e o Japão é um marco do diabo. O General Bomber Arthur Harris, responsável pelo conceito do "bombardeio moral", foi promovido para Air Marshal na Força Aérea Real por ser capaz de fazer cair nas cidades adormecidas flores pesando dez mil quilos. Ele foi promovido para um massacre assim! O comandante Paul Tibbets, que fez cair Little Boy a 580 metros de altitude acima de um hospital, no coração da aglomeração de Hiroshima, onde, em algumas frações de segundo, um raio térmico de 4000°C e ventos de 600 km/h desgastaram as ruas e os edifícios da cidade, causou a morte de 80.000 cidadãos (e ainda mais nas semanas que seguiram). O oficial decidiu nomear seu bombardier com o nome da sua mãe (Enola Gay)... A coisa mais triste é que, após realizar a tarefa, o tripulante foi condecorado pela missão e uma grande festa os estava esperando! Esses estúpidos yankees festejaram 80.000 mortes inocentes mortas em poucos segundos. Satanás pode se orgulhar deles.
Os "avances" da ciência colocados ao serviço do inferno permitem triplicar ou centuplicar a eficácia dos meios de destruição e matança, aniquilando vidas humanas por dezenas e centenas de milhares, como em Hiroshima e Nagasaki, como em Dresden e Hamburgo. Bernanos, que não tinha tudo compreendido, denunciou com grande clareza a desgastação e a mecanização do ser humano que mais não queria viver pelo Espírito de Deus. Ele tem uma bela página nesse livro Francia contra os robôs. Ele notou que, contrariamente aos camponeses e soldados do passado capazes de roubo e até mesmo de matar crianças pequenas, a sua "boucherie" " à falta de macular o seu coração, provavelmente teria revoltado o seu estômago ". Havia uma linha humana no louco da humanidade. Eles podiam matar um filho, dez, mas não cem nem mil " com medo de ficarem loucos ".
Mas « o primeiro que aparecer, hoje, do alto dos céus, pode eliminar em vinte minutos milhares de pequenos inocentes com o máximo de conforto, e só sente náuseas em caso de mau tempo, se for, por azar, sujeito ao enjoo de avião… Oh! querida leitora, não se agite! … você não admite que eu compare [o homem da sua vida] a algum açougueiro que certamente, se fosse o caso, a teria estuprado na primeira esquina de uma rua em chamas, na calçada, sem nem mesmo se dar ao trabalho de limpar as mãos. Mas quer saber? O que me faz desesperar precisamente do futuro é que o esquartejamento de vários milhares de inocentes é um trabalho que um cavalheiro pode concluir sem sujar as mãos, nem mesmo a imaginação. Se ele tivesse aberto apenas uma mulher grávida em toda sua vida, e se essa mulher fosse uma índia, o companheiro de Pizarro certamente a veria reaparecer desagradavelmente em seus sonhos. O cavalheiro, por sua vez, não viu nada, não ouviu nada, não tocou em nada – foi a Máquina que fez tudo; a consciência do cavalheiro está limpa, sua memória se enriqueceu apenas com algumas lembranças esportivas… Entende agora, idiotas? Entende que não é o massacre de milhares de inocentes que nos leva a desesperar do futuro, mas sim que tais horrores nos levam a desesperar de vocês, e que tais abominações já nem levantam mais questões de consciência individual. O bom homem que acaba de reduzir a cinzas uma cidade adormecida sente-se perfeitamente no direito de presidir o jantar em família, entre sua esposa e filhos, como um trabalhador tranquilo após seu dia de trabalho. « Que mais natural! » pensa o idiota, em sua lógica idiota, « esse bom homem é um soldado ». Eu concordo. Mas o sinal preocupante, e talvez fatal, é que exatamente nada distingue esse assassino do primeiro transeunte que aparece, e esse transeunte, até agora dócil como um cordeiro, só espera uma ordem para se tornar um assassino também, e, tornando-se assassino, não deixará de ser um cordeiro. Não acha isso estranho? »[3]
Esta loucura mecânica e assassina não atinge apenas o exército. Ela atinge tudo o que pode trazer poder e dinheiro àqueles que querem ser os mestres do mundo. Poderíamos citar a tristemente famosa empresa química Monsanto and Co que, com a cumplicidade dos políticos (tratado transatlântico...), reduz gradualmente os agricultores de todo o mundo à escravidão, com um resultado que alegra Satanás: Dois suicídios por dia na França de agricultores, que além disso, é a profissão mais exposta ao câncer, graças aos fertilizantes químicos. Sempre o homicídio após a mentira! Na Índia, são dois agricultores arruinados e desesperados que se suicidam a cada hora.
E ainda só falei do homicídio em sua forma mais simples, mais visível e mais material, a destruição dos corpos. Mas esse não é o aspecto mais importante da questão nem o mais trágico. [Embora o uso de bombas de urânio enriquecido no Iraque seja particularmente trágico, embora o caos desejado por BHL e seus amigos na Líbia e na Síria seja terrivelmente trágico…] A verdadeira catástrofe, no entanto, é que estamos caindo, sem nem perceber, no Reino das Trevas do qual Deus nos havia arrancado. (Colossenses, I, 13)
Satanás não quer apenas matar o homem, ele também quer matar o que constitui verdadeiramente o homem. Ele quer matar em nós a imagem de Deus. É preciso também matar os homens intelectualmente, moralmente, religiosamente, espiritualmente. Esse processo de morte não é senão o terrível castigo devido aos nossos pecados: os homens quiseram Mamon, recusaram o Cristo. Assim é, mas esse deicídio não pode permanecer sem consequência. O Cristo nos havia advertido:
« Ninguém pode servir a dois senhores: pois ou odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon [a Riqueza]. Os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam dele.» (Lucas XVI, 13-14)
Não se quis mais Deus, teve-se Mamon! Um deus metálico, sem coração, indiferente… Fonte de Confusão, Perversão e Condenação. Somos castigados pelo que pecamos. Os homens acreditaram poder construir, graças à sua ciência, um paraíso terrestre sem Deus: portanto, serão castigados vivendo um inferno tecnológico…
Esta civilização das máquinas que transforma o ser humano em robô e o coloca na categoria dos pistões, faz de nós escravos. A Civilização das máquinas carrega a sinistra marca do Príncipe da Mentira e do Homicídio, cheio de ironia cruel para com os homens que estão convencidos de viver no progresso, enquanto estão se desumanizando. A era da alta tecnologia prepara o reino do anticristo muito melhor do que o fez o materialismo do « comunismo ateu» qualificado expressamente por Pio XI como « flagelo satânico ».
Comunismo ateu, materialismo técnico, capitalismo liberal, Civilização da máquina,… tantos nomes acidentalmente diferentes, mas cujo sistema e resultado são substancialmente os mesmos: a ofensa a Deus e a morte do homem.
8. Filhos legítimos e bastardos
Os filhos legítimos
Os filhos legítimos de Satanás são aqueles que reivindicam abertamente sua origem.
Sua posição é clara. Entre a doutrina de 1789 e a da Igreja, eles optaram deliberadamente, sem hesitações, pelos valores da república!!! Eles são os quadros da Contra-Igreja.
[Gambetta: o clericalismo. Eis o inimigo, Valls, Caroline Forest, Najat Belkacem (a mulher que gostaria que um porco copulasse com uma cabra para dar à luz coelhos…), DSK, BHL, Sarkozy…]. Sem dúvida, a maioria encontra na república, principalmente, uma satisfação para suas ambições [é o caso, evidentemente, de M. Hollande, um homem sem envergadura, um simples funcionário do Sistema que chora quando lhe dizem para chorar, que assina o que os banqueiros cosmopolitas lhe dizem para assinar]; mas para outros, o egoísmo e a ambição não são a razão determinante. Existem convencidos sinceramente fanatizados. Para eles, a dogmática revolucionária é como uma palavra divina: Jules Ferry no Congresso maçônico de 1891: «O Catolicismo e a República Francesa são filosoficamente irreconciliáveis um com o outro». M. Peillon («1789 é o ano do engendramento, por um brusco salto da história, de um homem novo. A revolução é um evento religioso. A revolução implica o esquecimento total do que precede a revolução. E, portanto, a escola deve despir a criança de todos os seus laços pré-republicanos para elevá-la até se tornar cidadã…» em “A Revolução Francesa Não Terminou”, Seuil 2008)
Há cem anos, o episcopado católico combatia esses inimigos. Monsenhor Freppel, em 1890, constatava como Jules Ferry:
«A República, na França… é uma doutrina antirreligiosa cuja ideia mãe é a laicização ou secularização de todas as instituições sob a forma de ateísmo social, é o que foi desde sua origem em 1789… É o que é atualmente.»
Em 1892, os cardeais e o Episcopado francês se queixavam, em uma Carta pública, de que o governo republicano havia se tornado «a personificação de uma doutrina… em oposição absoluta à fé católica».
E isso é uma evidência.
A Primeira República desencantou a França e massacrou padres e fiéis católicos.
A Segunda República foi efêmera, mas Lamartine reconheceu que, como a primeira, encontrou em seu berço o patrocínio maçônico.
A Terceira apressou-se em separar a Igreja do Estado. Proibiu e espoliou as Congregações religiosas, instituiu uma neutralidade enganosa no ensino e perseguiu com suas incessantes irritações e ódio as instituições católicas.
A Quarta continuou a obra, acelerando sua submissão às forças apátridas e cosmopolitas.
A Quinta terminou o trabalho!
Duzentos anos após a proclamação dos direitos humanos que se pretendia o direito para todos, hoje estamos na besteira para todos… Estamos no casamento para todos e em breve na sodomia para todos… Estamos na escravidão para todos graças à lei socialista de Macron que “liberta” o trabalho aos domingos e noturno… Estamos também religiosamente na shoá para sempre (Valls disse: é sagrado! e Hollande repete: o sofrimento judeu não é igual!). O lema revolucionário liberdade-igualdade-fraternidade ou a morte transformou-se pouco a pouco em sodomia-escravidão-shoá ou a morte. Não há mais lugar para o lema do Estado francês de 1939 a 1944 que era mais simplesmente Trabalho-família-Pátria.
E por que se surpreender com o triunfo da sodomia-escravidão-shoá já que foi a revolução que libertou da prisão o degenerado marquês de Sade; já que foi a revolução que inspirou a estátua da liberdade: símbolo maçônico que manifesta a influência de Satanás sobre o novo mundo. Este presente oferecido pela França é, de fato, de inspiração maçônica em referência a um episódio da revolução: Em Notre-Dame de Paris, uma artista de ópera, Mlle Maillard, vestida com um vestido branco, um manto azul e usando um boné vermelho, cantou na nave um hino à liberdade sobre o altar de Notre-Dame que será a partir de agora o “Templo da Razão”. Ela recebeu uma tocha, símbolo da luz do conhecimento que Lúcifer (portador da luz) deu aos nossos primeiros pais o conhecimento do bem e do mal; e por que se surpreender com o triunfo da religião shoahica já que foi a revolução que concedeu a cidadania francesa aos judeus… a vitória da sodomia-escravidão-shoá era, portanto, lógica.
Satanás reina como mestre na cidade através de mil símbolos que já não sabemos ver. A bandeira azul, branca e vermelha, por exemplo, não é a bandeira da França, é a bandeira da Maçonaria que conquistou a França. Diferença! É por isso que tem as cores anglo-saxônicas e americanas, conforme desejou o maçon Lafayette. Portanto, esta bandeira merece apenas o fogo… enquanto os franceses não compreenderem isso, não há esperança de uma reação contrarrevolucionária.
Disseram-nos: A mudança é agora: Um bando de políticos maçons, criminosos ou pedófilos se deram o direito de perseguir e desprezar o ser humano em geral e o francês, o branco, o patriota e o católico em particular.
A esquerda de Satanás, assim como a direita de Satanás, choraminga todas pelas valores republicanos. Quais são eles?
Os valores republicanos são a depravação para todos contra o puro dom de si no casamento; é a morte para todos graças aos benefícios do direito ao aborto; é a sodomia para todos graças aos delírios de uma minoria generosa que quer nos fazer compartilhar sua perversão; é o desordem para todos que obrigará a criança adotada a chamar mamãe o seu papai gay; é o câncer para todos graças à agricultura assassinada pelos dólares da agroquímica; é a propaganda para todos, do curso Charlie na escola até o jornal das 20h em casa; é a escravidão para todos, pois se a maçonaria sempre tem na boca a palavra liberdade é para melhor te devorar, meu filho. Com o Google, seu Smartphone, seu cartão bancário, seu cartão de saúde, Big Brother sabe tudo e tem todos os direitos contra você se você não compartilha os valores republicanos. Em um futuro próximo, Moloch poderá, com um simples clique, riscar você da vida social e se justificará chamando-o de terrorista…
«A democracia não é mais do que uma fachada para a ditadura judaica», escrevia Céline em 1937 em BAGATELLES POUR UN MASSACRE. A república judeu-maçônica não é nada mais do que a tirania da barbárie antiga com o acréscimo do progresso técnico, ou seja, com uma maior eficácia e crueldade. Em resumo, os verdadeiros valores republicanos são a danação para todos e o inferno agora. Lógico, pois como lembrava o Cardeal Pie:
«Pode-se falar tanto quanto se queira sobre os direitos do homem: há dois que não se deve esquecer. O homem traz ao nascer o direito à morte e o direito ao inferno. Só por Jesus Cristo pode ele reivindicar o direito à ressurreição e à vida bem-aventurada.» (Cardeal Pie, Terceira Instrução Sinodal sobre os erros do tempo presente, Julho de 1862 e agosto de 1863)
A questão, portanto, não é tanto saber como salvar ou purificar o Estado republicano, mas como destruí-lo. Pois este regime é construído sobre um mito que propaga uma contra-civilização desumana e totalitária.
Os Bastardos de Satanás
Satanás gosta de dissimulação. Ele se esforça para infiltrar e corromper o adversário, fazendo com que o campo inimigo caia por meio de negociações, dissidências e deserções. Ele procura arruinar o moral do inimigo e orientá-lo gradualmente para a capitulação. Para esse trabalho essencial, os bastardos de Satanás são indispensáveis.
Os mais fáceis de discernir são os espíritos que se vangloriam de reconciliar Satanás com Deus. O iniciado Weishaupt falava de « Nosso Grande Mestre Jesus de Nazaré ». Camille Desmoulins chamava Cristo de: « o primeiro sem-culotte »; para o sanguinário Marat, que era de uma família judaica espanhola: « A Revolução está toda no Evangelho »; para o miserável Lamennais: « A Revolução deu ao Catolicismo um renascimento. » E o ridículo Marc Sangnier, um precursor do Vaticano II, sonhou com essa absurda sacrilegia de uma união entre « a Democracia moderna » e « o Cristianismo »:
« O boletim de voto e a hóstia consagrada, eis os dois meios pelos quais o povo sobe ao trono como um rei e ao altar como um Deus. O sufrágio universal e a comunhão geral da Páscoa, eis as duas instituições eminentemente democráticas; uma torna a soberania acessível ao povo, a outra torna acessível até mesmo a divindade. »
Aqui está um belo bastardo como Satanás gosta. É com cabeças podres por tais aberrações que o Vaticano II pôde ver a luz. João XXIII, que convocou esse Concílio, era um discípulo de Marc Sangnier.
Pio IX, diante de uma delegação francesa pelo 25º aniversário de seu pontificado, dizia:
« Há na França um mal mais temível do que a Revolução, do que todos os miseráveis da Comuna, uma espécie de demônios escapados do inferno, é o Liberalismo católico. Eu já disse isso mais de quarenta vezes, repito-o por causa do amor que vos tenho. »
Os falsos irmãos são, de fato, mais perigosos na batalha do que os inimigos declarados. Os liberais fizeram mais mal ao catolicismo do que os revolucionários. Seus discursos falsos ajudaram Satanás desarmando a cristandade. Em vez de combater o inimigo, quis-se dialogar com ele. A proposição 80 do Syllabus de Pio IX condenava justamente a reconciliação do « Pontífice romano » com « o progresso, o liberalismo e a civilização moderna ».
A apostasia foi gradualmente ganhando a massa cristã, especialmente desde a impostura e a deserção dos pontífices conciliares, todos igualmente miseráveis (João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI, Francisco). Todos se « reconciliaram e transigiram com o progresso, o liberalismo e a civilização moderna… » Todos, portanto, foram condenados por Pio IX. Todos esses pontífices conciliares foram bastardos de Satanás, pois todos foram apóstolos dos direitos humanos, todos cúmplices da infiltração inimiga, todos ao serviço objetivo da maçonaria, como observou na época Dom Lefebvre, que declarou em 1986 sobre os encontros inter-religiosos de Assis feitos em nome dos princípios do Vaticano II:
« É diabólico. É diabólico. [...] Então, quem é esse papa?… Eu não sei mais o que lhes dizer, realmente… não sei… Mas, de qualquer forma, [João Paulo II] é inspirado pelo diabo quando faz isso… Não é inspirado pelo Espírito Santo, não é possível… Ele é inspirado pelo diabo, e ao serviço da Maçonaria, é evidente. A Maçonaria sempre sonhou com isso: a reunião de todas as religiões. » (Ecône, 28-01-1986)
E ao fim de sua vida, em 1990, ele denunciou esses bastardos mitrados ao constatar:
« A instauração desta “Igreja conciliar” imbuída dos princípios de 1789, dos princípios maçônicos em relação à religião e às religiões, em relação à sociedade civil, é uma impostura inspirada pelo Inferno para a destruição da religião católica, de seu magistério, de seu sacerdócio e do sacrifício de Nosso Senhor. »[4]
9. Conclusão
A malícia natural dos homens não pode ser a fonte de todos esses fenômenos assustadores, subversivos e decadentes que constatamos. A malícia humana é alimentada e amplificada pela ação do Maligno, a quem foi dada a potência sobre o mundo na medida em que o mundo rejeita a ação de Cristo. Pois somente Cristo pode vencer o Diabo.
Após duzentos anos de apostasia, nunca essa dominação foi ao mesmo tempo mais real e mais desconhecida. Se tivéssemos a clareza sobrenatural, veríamos demônios saindo dos textos das declarações e das Constituições que nos regem e que acreditamos tola e ingenuamente capazes de preservar nossos direitos. Veríamos também esses demônios saindo das assembleias, da Magistratura, das Conferências internacionais e dos discursos políticos. Para ver que Hollande ou Sarkozy, G.W. Bush ou Obama zombam de nós, não é necessário ter fé [Fahrenheit 9/11 de Michael Moore sobre a guerra no Iraque…]. Temos a lidar com maus atores. Mas poucos conseguem perceber além disso. Muitos pensam em mudar os homens, alguns pensam em mudar o sistema, mas raros são os que percebem que isso é infrutífero e inútil se, por outro lado, permitirmos ser corrompidos, aviltados e embrutecidos pelo diabo.
O que fazer?
Colocar os maçons na prisão? Abrir severos guetos como fez o papa São Pio V em seus estados pontificais? Proibir a usura e pendurar em praça pública alguns cosmopolitas apátridas que arruínam nossas economias nacionais? Executar publicamente os super-patrões internacionais que escravizam o mundo e esmagam com seu gigantismo contra-natura tudo o que é pequeno e familiar? Destruir nossas instituições absurdas e ímpias?
Tudo isso seria desejável, mas dificilmente realizável. Para fazer isso corretamente, seria necessário mudar as leis, e para mudar as leis, é preciso o poder. E para ter o poder, dado o domínio diabólico sobre o mundo e os homens, é necessário um milagre, uma ação revolucionária minoritária mas eficaz, ou uma conscientização majoritária.
Mas, em todos os casos, é preciso começar pelo começo: antes de querer mudar o mundo, é necessário começar por mudar a si mesmo. A primeira coisa que está ao nosso alcance é nossa própria conversão.
Nosso mundo moderno não é nada mais que um mito cruel, totalitário e contra-natura. Ele repousa sobre uma insurreição moral contra a ordem natural e sobrenatural.
« Não se compreende absolutamente nada da civilização moderna se não se admitir primeiro que ela é uma conspiração universal contra qualquer espécie de vida interior. »
Para ser verdadeiramente contra-revolucionário, para ser realmente anti-sistema, não basta estar contra a liberdade-igualdade-fraternidade dos revolucionários ou contra a sodomia-escravidão-shoá da República; é necessário ter uma verdadeira vida interior. É preciso não ser escravo de Satanás, que deseja destruir a obra divina em nós.
São Agostinho, no ano 390, em seu tratado Da Verdadeira Religião, já havia descrito a idolatria apocalíptica que vivemos: a adoração pelo homem de suas paixões. Todos os homens que não foram libertos por Cristo são escravos de Satanás, pois são « subjugados aos prazeres carnais, em busca de um poder fútil, e insensatamente apaixonados por algum espetáculo ». Eles estão sob a servidão da tríplice concupiscência: a do prazer, a da ambição, a da curiosidade, « porque, segundo a palavra divina, « tudo o que há no mundo é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos, ambições do século » (I João II, 16). Ora, isso é uma maneira de designar nossas três grandes paixões: « concupiscência da carne » é para os amantes dos prazeres viles; « concupiscência dos olhos », para os curiosos; « ambição do século », para os orgulhosos. » (XXXVII a XXXVIII)
A trilogia maçônica, liberdade-igualdade-fraternidade, não é nada mais que o culto da luxúria, do materialismo e do egoísmo. E isso é lógico, Satanás não sabe fazer outra coisa senão empurrar os homens a se auto-destruírem ao se entregarem à licenciosidade e à devassidão (concupiscência da carne), à inveja do bem alheio (concupiscência dos olhos) e ao desejo de uma superioridade absoluta (orgulho da vida ou ambição do século).
Essa trilogia satânica, que promete falsamente a felicidade individual, é, na realidade, uma escravidão que conduz à morte de toda vida, a vida interior, familiar, civil, e até mesmo física…
Para curar-se, é necessário humilhar-se diante de Deus, mudar de vida, fazer penitência, adorar a Deus e implorar seu auxílio, servi-lo fielmente e assim ser gerado para uma nova vida graças a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Bem-Aventurada Virgem Maria, nova Eva do novo Adão…
Nossa época é apocalíptica. Os cristãos revivem a agonia de Cristo, ou seja, a hora em que o poder das trevas tem um certo poder sobre o corpo para fazê-lo sofrer. Ora, os cristãos são o corpo místico de Cristo.
Hoje, aqueles que se esforçam para permanecer justos, fiéis ao Criador e restaurar a sociedade em suas verdadeiras bases são tratados como anormais, criminosos, como anarquistas, enquanto combatem os servidores de Satanás que estão no governo. Os bons são denunciados como sediciosos pelos sediciosos que detêm os poderes públicos; condenados como mentirosos pelos mentirosos que fazem a lei, perseguidos como perturbadores da ordem pelos próprios fomentadores da desordem. E, finalmente, se levantam contra os bons a rotina cega e o conformismo dos preguiçosos e dos covardes. Enfim, o Pai da Mentira retira cada vez mais dos homens o discernimento e a sabedoria por permissão divina devido ao pecado dos homens.
Não cabe a mim dizer o que se deve fazer politicamente. Mas posso dizer o que se deve fazer religiosamente e moralmente e, assim, preparar as bases para uma política saudável.
Mais do que nunca, nossa salvação está na aplicação das diretrizes apostólicas: desprender-se das criaturas para apegar-se ao Criador! Pois « não temos aqui uma cidade permanente, mas buscamos aquela que devemos habitar um dia. » [5]
Mais do que nunca, nossa salvação está na aplicação das diretrizes de Cristo:
« Quem ama sua vida a perde; e quem odeia sua vida neste mundo a guarda para a vida eterna. » [6] « Quem não renunciar por minha causa a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. » [7] « De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma? E o que pode o homem dar em troca da sua alma? » [8]
Essas máximas incompreensíveis para uma alma sensual, material e ambiciosa são, no entanto, os motores da vida cristã. Sem esse amor pela vida eterna, nada mais tem sentido. Nem mesmo a contra-revolução.
Um revolucionário não poderia compreender por que a irmã Santa Sofia, ursulina, em 7 de julho de 1794, beijou o cutelo da guilhotina de joelhos antes de oferecer-lhe sua cabeça. Nem por que no dia seguinte, em Orange, Marguerite Bavastre, ela também religiosa Ursulina, tirou espertamente do bolso uma caixa de dragées ao anunciar sua condenação à morte. Ao distribuí-los, ela explicava:
« São as dragées que eu havia reservado para o dia do meu casamento. » [9]
A vocação cristã é participar da Vitória eterna de Cristo, mas somente depois de ter experimentado sua derrota e morte temporais. Em outras palavras: Minha honra se chama fidelidade, « Meine Ehre heißt Treue ». Não é porque nosso fim nos é revelado, ou porque nossa derrota política e temporal é profetizada, que devemos ter medo, cessar o combate e deixar de servir fielmente nossa família, nossa pátria e nosso Deus.
Os republicanos podem nos guilhotinar, os maçons podem nos prender, os judeus podem nos despojar, os muçulmanos podem nos decapitar, etc., etc. Nada nos impedirá de seguir o Cristo crucificado e de ser glorificados por ele e com ele. Nossos inimigos temporais nunca nos privarão de nossa vitória que é de outra ordem. Nossa vitória é sofrer pela verdade e morrer por ela! Nossa vitória não é deste mundo.
Quanto mais nos aproximamos do fim do mundo, mais o combate contra « o grande dragão, a antiga serpente, aquele que é chamado diabo e Satanás, o sedutor de toda a terra » será uma luta dolorosa.
Satanás e seus seguidores « farão guerra ao Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis, e os que o acompanham são os chamados, os eleitos e os fiéis » (Apoc. XVII, 14). Mas antes disso, Deus concedeu ao anticristo « fazer guerra aos santos e vencê-los; e foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, todo povo, toda língua e toda nação. E todos os habitantes da terra o adorarão, aqueles cujos nomes não foram escritos no livro da vida do Cordeiro imolado, desde a fundação do mundo » (Apoc. XIII, 7).
Portanto, a vitória pertencerá apenas a « aqueles que vêm da grande tribulação; lavaram suas vestes e as tornaram brancas no sangue do Cordeiro » (Apocalipse de João).
Concluo, portanto, e desejo insistir nesta verdade que só pode nos dar a coragem de continuar o combate por Deus contra seus inimigos: Satanás, o mundo (os maçons, os mamonitas, os sionistas, os judeus, os hereges, os cismáticos; os infiéis) e nós mesmos (por meio da tripla concupiscência!)… e para isso me apoio em uma observação de Dom Guéranger.
Ele observa primeiro que o tempo do retorno do Filho de Deus coincidirá aqui na Terra com um redobrar das fúrias do inferno. « Os cristãos fiéis terão que suportar não apenas os assaltos dos filhos das trevas, mas também as falhas dos próprios filhos da luz no campo dos princípios, por meio dos adiamentos, das concessões, da prudência humana dos supostos sábios. » Esses falsos cristãos praticarão uma « política de concessões », esquecendo-se de que « a defesa dos direitos da Igreja não pode consistir na diminuição ou dissimulação das verdades que fazem a força e a beleza da Esposa ». Enfim, esses cristãos desagradarão aos olhos do Senhor ao se conformarem com o século, ao buscar « uma adaptação impossível do Evangelho com um mundo descristianizado ».
Os cristãos verdadeiramente sábios, por outro lado, diz Dom Guéranger, « compreenderão que a fidelidade ao Esposo não é outra coisa senão a fidelidade à verdade; pois o Verbo, objeto de seu amor, não é senão o brilho da verdade infinita em Deus. Seu único cuidado será, portanto, sempre se aproximar do Amado por uma maior semelhança com Ele, ou seja, por uma reprodução mais completa do verdadeiro em suas palavras e atos. E, com isso, servirão a sociedade como deve ser servida, praticando o conselho do Senhor que nos pede para buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça, e confiar nele para o resto. Deixando para outros a busca de combinações humanas e enganosas, de compromissos incertos destinados, na mente de seus autores, a retardar por algumas semanas, alguns meses talvez, o fluxo crescente da revolução, eles compreenderão o conselho de resgatar o tempo que nos dá o Apóstolo. […] as almas fiéis resgatarão o tempo dando tal intensidade aos atos de sua fé e amor, que nada seja diminuído, se possível, até o último momento […]. Contra a besta com a boca insolente e cheia de blasfêmias, eles repetirão o grito de Miguel contra Satanás: “Quem é como Deus!”» (O Ano Litúrgico, 20º domingo após Pentecostes)
« Irmãos, fortalecei-vos no Senhor e na sua força poderosa. Revesti-vos da armadura de Deus, para poderdes resistir às ciladas do diabo. Pois não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os dominadores deste mundo das trevas, contra os espíritos maus espalhados pelo ar. » (Ef VI, 10-12)
Referências
[1] Satanás na cidade, Conversas entre um sociólogo e um teólogo sobre o diabolismo político e social, Editora du Cèdre, Paris, 1951.
[2] Léon Daudet, O estúpido século XIX, Grasset, 1929, pp. 62-63.
[3] Georges Bernanos, A França contra os Robôs, Plon, 1970, pp. 101-103.
[4] Monsenhor Lefebvre, Itinerário espiritual, As perfeições de Deus.
[5] Hebreus 13, 14.
[6] João 12, 25.
[7] Lucas 9, 23.
[8] Mateus 16, 26.
[9] Gobry, Yvan, Os Mártires da Revolução Francesa, Perrin, 1989, p. 316.