[Louis-Hubert Remy] REFUTAÇÃO DO PEQUENO CATECISMO SOBRE O SEDEVACANTISMO

Contestamos a apresentação feita (março de 2001), destacando os erros. Nenhuma retificação tendo sido feita, esses erros se tornam mentiras (falar com a intenção de enganar).

Outros Formatos

Nós republicamos este artigo porque a atualidade vai impor a redefinição dos campos. Para a seita conciliar, a única oposição era a Tradição, representada sobretudo pelo corrente de Ecône. Um acordo, sendo infelizmente previsível entre os dois, o "sedevacantismo", até então marginalizado, vai se tornar o ponto de mira da oposição. Portanto, é útil fazer um ponto sobre este assunto.

Muito incomodada pelo sedevacantismo, a Tradição (sobretudo Ecône) nunca quis abordá-lo de frente, e se existem fitas cassete (privadas) que falam sobre isso, nunca tiveram a coragem de abordar este problema por escrito.

Aqui está o único documento da Tradição dedicado ao sedevacantismo, tentando, depois de apresentá-lo, refutá-lo.

Contestamos a apresentação feita (março de 2001), destacando os erros. Nenhuma retificação tendo sido feita, esses erros se tornam mentiras (falar com a intenção de enganar). É lamentável ver que defensores da Verdade são obrigados a mentir para se desmarcar daqueles que viram e atacaram os erros antes deles.

Louis-Hubert REMY

O SEDEVACANTISMO

Fala-se muito sobre ele, principalmente de forma negativa, apresentando-o mais próximo do diabólico do que da verdade. Ele se torna o único e mais perigoso inimigo. E, no entanto, o número de sedevacantistas não para de aumentar. Há no mundo mais padres sedevacantistas do que membros da Fraternidade São Pio X. Há até mesmo alguns na Fraternidade. Então?

Aqui está, primeiramente, o que diz sobre este assunto uma revista que se acreditava séria, Le Sel de la Terre, nº 38, março de 2001.

PEQUENO CATECISMO SOBRE O SEDEVACANTISMO por DOMINICUS

  1. - O que é o sedevacantismo?

O sedevacantismo é a opinião daqueles que pensam que os últimos papas, desde o Concílio, não são papas verdadeiros. Em consequência, o trono de Pedro não está ocupado, o que se expressa em latim pela fórmula Sede vacante.

  1. - De onde vem essa opinião?

Esta opinião é ocasionada pela gravíssima crise que ocorre na Igreja desde o último Concílio, crise que Mons. Lefebvre chamava justamente de terceira guerra mundial. Esta crise tem como causa principal a falha dos Pontífices romanos que ensinam ou deixam se propagar os erros mais graves sobre questões de ecumenismo, liberdade religiosa, colegialidade, etc. Os sedevacantistas pensam que papas verdadeiros não poderiam ser responsáveis por uma crise tão grande, e, portanto, consideram que eles não são papas verdadeiros.

  1. - Todos os sedevacantistas estão de acordo entre si?

Não, longe disso. Existem muitas posições diferentes. Alguns pensam que, uma vez que o trono de Pedro está vago, ele deve ser ocupado, e elegeram um papa. Este é o caso, por exemplo, da seita de Palmar na Espanha.

Entre aqueles que não vão a tais extremos, há ainda diferentes escolas. Alguns pensam que o papa atual é um antipapa, outros que ele é um papa pela metade, papa materialiter, mas não formaliter.

Alguns sedevacantistas consideram sua posição como uma opinião provável, e aceitam receber os sacramentos de padres não sedevacantistas, mas outros, chamados de "ultra" pelo padre Coache, fazem disso uma questão de fé e recusam assistir a uma missa onde se reza pelo papa. Mas o que é comum a todos os sedevacantistas é que eles pensam que não se deve rezar publicamente pelo papa.

  1. - Pode explicar o que significa ser papa materialiter?

A principal dificuldade do sedevacantismo é explicar como a Igreja pode continuar a existir de forma visível (pois ela recebeu de Nosso Senhor a promessa de durar até o fim do mundo), enquanto está privada de um chefe. Os partidários da tese chamada de Cassiciacum inventaram uma solução muito sutil: o papa atual foi validamente designado para ser papa, mas ele não pode receber a autoridade papal, pois há um obstáculo nele (sua heresia).

Ele seria então capaz de realizar certos atos para o bem da Igreja, como nomear os cardeais (que são cardeais materialiter), mas ele não seria realmente papa.

  1. - O que você pensa dessa solução?

Ela não está fundamentada na Tradição. Os teólogos (Cajetan, São Roberto Bellarmino, João de São Tomás, etc.) examinaram a possibilidade de um papa herético, mas nenhum, antes do Concílio, havia imaginado tal teoria. Ela não resolve a dificuldade principal do sedevacantismo: como a Igreja pode continuar a ser visível?

De fato, se o papa, os cardeais, os bispos, etc. estão privados de sua forma, não há mais uma hierarquia visível da Igreja. Além disso, essa teoria coloca sérios problemas filosóficos, pois supõe que um chefe possa ser chefe materialiter, sem ter a autoridade.

  1. - Em quais argumentos os sedevacantistas baseiam suas teorias?

Em um argumento teológico e em um argumento jurídico.

O argumento teológico consiste em dizer que um herege não pode ser chefe da Igreja; portanto, João Paulo II é herege, logo...

O argumento jurídico consiste em dizer que as leis da Igreja invalidam a eleição de um herege; portanto, o cardeal Wojtyla era herege no momento da eleição, logo...

  1. - Mas não é verdade que um papa que se torna herege perde o pontificado?

São Roberto Bellarmino diz que um papa que se tornasse herege de forma formal e manifesta perderia o pontificado. Para que isso se aplique a João Paulo II, seria necessário que ele fosse um herege formal, ou seja, recusando conscientemente o magistério da Igreja; e ainda que essa heresia formal fosse manifesta aos olhos de todos.

Mas se João Paulo II faz afirmações heréticas ou que conduzem à heresia com frequência, não é fácil mostrar que ele tem consciência de rejeitar um dogma da Igreja. E enquanto não houver uma prova certa, é mais prudente abster-se de julgar. Essa era a maneira de agir de Mons. Lefebvre.

  1. - Um católico que esteja convencido de que João Paulo II é herege de forma formal e manifesta deve, portanto, concluir que ele não é mais papa?

Não, porque segundo a opinião comum (Suarez), ou até mais comum (Billuart), os teólogos pensam que mesmo um papa herege pode continuar a exercer o papado. Para que ele perca sua jurisdição, seria necessária uma declaração dos bispos católicos (os únicos juízes da fé, fora o papa, por vontade divina) constatando a heresia do papa. Segundo a opinião mais comum, Cristo, por uma providência particular, para o bem comum e a tranquilidade da Igreja, continua a conceder jurisdição a um pontífice mesmo manifestamente herege, até que ele seja declarado herético manifesto pela Igreja (Billuart De Fide, diss. V, a. III, § 3, obj. 2). Ora, em um assunto tão grave, não é prudente ir contra a opinião comum.

  1. - Mas como um herege, que não é mais membro da Igreja, pode ser seu chefe ou sua cabeça?

O Padre Garrigou-Lagrange, baseando-se em Billuart, explica em seu tratado De Verbo Incarnato (p. 232) que um papa herege, embora não seja membro da Igreja, pode continuar a ser sua cabeça. De fato, o que é impossível no caso de uma cabeça física é possível (embora anormal) para uma cabeça moral secundária. A razão é que, enquanto uma cabeça física não pode exercer influência sobre os membros sem receber o influxo vital da alma, uma cabeça moral, como é o pontífice (romano), pode exercer jurisdição sobre a Igreja mesmo sem receber da alma da Igreja nenhuma influência de fé interna e de caridade. Em resumo, o papa é constituído membro da Igreja por sua fé pessoal, que ele pode perder, mas ele é cabeça da Igreja visível pela jurisdição e poder, que podem permanecer mesmo com a heresia.

  1. - E o que pensar do argumento canônico deles?

Os sedevacantistas baseiam-se na constituição apostólica Cum ex apostolatus do papa Paulo IV (1555-1559). Mas bons estudos mostraram que essa constituição perdeu sua força jurídica desde a publicação do código de Direito Canônico de 1917. Veja, por exemplo, o artigo do padre Albert O.P. em Le Sel de la terre 33 (verão de 2000).

O que permanece válido nessa constituição é seu aspecto dogmático. E, portanto, não se pode fazer com que ela diga nada além do que diz o argumento teológico examinado anteriormente.

  1. - Os sedevacantistas não pensam encontrar uma confirmação de sua opinião nos erros do Concílio e na nocividade das leis litúrgicas e canônicas da Igreja conciliar?

De fato, os sedevacantistas geralmente pensam que o ensino do Concílio deveria ter sido coberto pela infalibilidade do magistério ordinário universal e, portanto, não deveria conter erro. Mas, como há erros, por exemplo, na questão da liberdade religiosa, eles concluem que Paulo VI deixou de ser papa naquele momento.

Na realidade, se aceitarmos esse raciocínio, teríamos que dizer que toda a Igreja Católica desapareceu naquele momento, e que as portas do inferno prevaleceram contra ela. Pois o ensino do magistério ordinário universal é o de todos os bispos, de toda a Igreja docente. É mais simples pensar que o ensino do Concílio e da Igreja conciliar não é coberto pela infalibilidade do magistério ordinário universal pelas razões explicadas no artigo sobre a autoridade do Concílio publicado em Le Sel de la terre 35 (inverno de 2000-2001). Um dos argumentos deste artigo é notar que o ensino conciliar não se apresenta mais como necessário para a salvação (o que é lógico, já que aqueles que o professam pensam que se pode salvar mesmo sem a fé católica). Não sendo imposto com autoridade, esse ensino não é coberto pela infalibilidade. Pode-se dizer o mesmo das leis litúrgicas (a nova missa...) e canônicas (o novo Direito Canônico...) estabelecidas pelos últimos papas: elas não são cobertas pela infalibilidade, enquanto normalmente deveriam ser.

  1. - Os sedevacantistas não têm razão em se recusar a mencionar o nome do papa na missa para manifestar que não estão em comunhão com (una cum) um herege (pelo menos material) e suas heresias?

A expressão una cum no cânone da missa não significa que se está em comunhão com a pessoa do papa e suas ideias errôneas, mas que se quer rezar pela Igreja e pelo papa.

Para se certificar disso, além dos estudos acadêmicos produzidos sobre o assunto, basta ler a rubrica do missal para o caso em que um bispo celebra a missa. De fato, nesse caso o bispo deve rezar pela Igreja "una cum me indigno famulo tuo" o que não quer dizer que ele reza em união consigo mesmo, seu indigno servo (o que não faz sentido), mas que ele reza também por si mesmo, seu indigno servo.

  1. - Mas São Tomás de Aquino não diz que no cânone não se deve rezar pelos hereges?

São Tomás de Aquino não proíbe rezar pelos hereges, mas apenas constata que, nas orações do cânone da missa, se reza por aqueles cuja fé e devoção o Senhor conhece (quorum tibi fides cognita est et nota devotio) (III q. 79, a. 7, ad 2). De fato, diz ele, para que este sacrifício obtenha seu efeito (effectum habet), é necessário que aqueles por quem se reza estejam unidos à paixão de Cristo pela fé e pela caridade. Mas ele não proíbe rezar por uma pessoa não católica. Essa oração não terá a mesma eficácia que a por um católico e não é prevista no cânone. Tudo o que se pode deduzir dessa afirmação de São Tomás de Aquino é que, se o papa for herege (o que ainda precisa ser provado), a oração por ele não terá o efeito previsto, non habet effectum.

  1. - Em conclusão, o que se deve pensar sobre o sedevacantismo?

É uma posição que não está provada no nível especulativo, e é imprudente adotá-la no nível prático (uma imprudência que pode ter consequências muito graves). É por isso que Mons. Lefebvre nunca se engajou nesse caminho e até proibiu os padres de sua Fraternidade de professarem o sedevacantismo. Devemos confiar em sua prudência e em seu senso teológico. O padre Muñoz observa que não se encontra nenhum santo, na história da Igreja, que tenha sido sedevacantista, mesmo que vários tenham resistido aberta e fortemente aos erros dos papas. Façamos como eles!

NOSSOS COMENTÁRIOS

I°: Desde o seu número 1, somos obrigados a nuançar a definição deles. Quando dizem que o trono de Pedro não está ocupado, isso não é o que dizem os sedevacantistas (sd daqui em diante). O trono está ocupado, muito ocupado. Certamente por um usurpador (usurpar: apoderar-se, apropriar-se sem direito), mas é lamentável usar esse termo de sedevacantismo. Não sei quem impôs esse termo horrível, mas ele vem mais do inimigo do que de nós. Leia nosso panfleto: Não somos sedevacantistas. Somos católicos e, já que queremos morrer na fé católica, recusamos tudo o que não é integralmente católico, portanto recusamos TODA a seita conciliar, incluindo sua hierarquia, incluindo seus papas, mas não apenas eles. Rejeitamos sua fé, seus sacramentos, seus catecismos, suas doutrinas, suas amizades, sua disciplina, tudo.

II°: A resposta da segunda questão está correta.

III°: O mesmo para a terceira. Mas não de maneira alguma como é analisado.

  1. Os sd estão unidos no essencial, divididos nos detalhes.

Sim, os sd têm diferenças em alguns pontos. Eles estão todos de acordo em rejeitar a conciliar, afirmando que ela não é católica. Eles concordam em viver conforme a vida católica de sempre, o que é essencial. Suas referências são o Concílio de Trento e o Vaticano I.

Todos eles têm um grande coragem para estudar, estudar muito, para tomar uma decisão tão arriscada para o pão diário, para orar, orar muito, para fazer essa escolha tão controversa, e depois viver na solidão, na pobreza, na zombaria, nas chacotas, mas também no abandono, na constância, na confiança e no amor a Deus.

Todos têm em comum a atenção à vontade de Deus, preocupando-se apenas com a vontade de Deus, ignorando o que os outros vão pensar. Isso é o essencial.

É verdade que eles estão divididos. Essa divisão é muito secundária. Homens de caráter e firmeza se confrontam entre si. Tudo isso se deve à falta de uma autoridade. Mas quem poderia ser essa autoridade? Somente um verdadeiro Papa e, portanto, uma Igreja em ordem pode trazer união. Toda vez que um deles tenta se impor como autoridade, isso sempre desmorona, pois em uma crise tão grande, quem pode ver, entender, resolver tudo? Cada um tendo tal ou tal limitação é criticado, daí as divisões. Os mais sábios sabem que, tendo o pastor sido ferido, as ovelhas do rebanho são dispersas (Mateus, XXVI, 31). Eles esperam que Ele ressuscite, como diz o versículo seguinte, precedendo-nos na Galileia.

Essa divisão é útil, indispensável. Observou-se que toda união é rapidamente investida por pessoas menos firmes e até por inimigos. É muito mais prudente estar dispersos.

É verdade que as opiniões divergem. Mas divergem em detalhes, às vezes importantes, seja sobre a explicação da crise, seja sobre as soluções para a crise. Já dissemos que sobre o essencial: A FÉ CONCILIAR NÃO É CATÓLICA, eles estão todos de acordo.

O mesmo acontece em cada grande crise. É através de São Paulo que podemos entender: I Coríntios XI, 19:

Pois é necessário que haja até heresias entre vós, para que se tornem manifestos entre vós os que são aprovados.

Uma heresia é um castigo. Um castigo merecido. A heresia conciliar é um castigo e um castigo merecido. Os cristãos, os pastores haviam se tornado mornos em tudo. Enquanto não quisermos nos converter, Deus nos abandonará e não nos tirará da crise. Converter-se é amar a Deus acima de tudo e, se alguém Me ama, guardará os Meus mandamentos (João XIV, 15 e 23), é obedecer-Lhe em tudo.

Uma heresia dura enquanto um pequeno número não se purifica [2]. Hoje sabemos que deve suceder a esta apostasia o reinado do Sagrado Coração. Para um reinado que será o mais grandioso da história, o Sagrado Coração quer estar rodeado de verdadeiros cristãos. A crise durará o tempo necessário para a conversão deles. Se queremos ver o triunfo do Sagrado Coração, convertamo-nos, e não pela metade, lembrando-nos de Sua palavra:

Vomitarei os mornos (Apoc., III, 16).

  1. Seus inimigos parecem unidos, mas estão verdadeiramente divididos.

Os que dão lições deveriam se olhar atentamente no espelho. Eles descobririam sua falta de coragem, sua pusilanimidade, suas covardias, sua mediocridade, sua fé vacilante, sempre em busca de compromissos. É isso que os impede de ter a coragem de realmente resistir. É seu pouco caráter que os une.

Eles deveriam temer seu liberalismo. Todos os que caíram fizeram concessões ao erro. São liberais. O liberalismo é o perigo mais grave [3]. O combate pela missa não é suficiente. O combate pela Fé é muito mais considerável. Um único erro contra a Fé e perdemos a Fé, essa Fé que sozinha pode nos proporcionar a vida eterna.

Dom Lefebvre é o fundador de três obras: a Fraternidade São Pio X, a Fraternidade São Pedro, e em grande parte o movimento sedevacantista. Os padres mais notáveis dessas três obras foram ordenados por ele, sem contar os padres que se tornaram conciliares e aqueles que infelizmente abandonaram o sacerdócio. Ele é responsável por essa fragmentação, seu pensamento tendo evoluído entre as posições defendidas pelas três, daí três tipos de discípulos. Aqueles que hoje se dizem os únicos sucessores ficam em apuros quando se resgatam certos discursos ou declarações privadas.

Tudo isso prova que a crise é terrível e a solução difícil. Todos pensam inicialmente estar fazendo a vontade de Deus, mas à medida que a crise perdura e os estudos se tornam conhecidos, algumas posições são pura apostasia. Ir contra a Verdade conhecida, especialmente para os clérigos, é um pecado irremissível contra o Espírito Santo.

Como o combate de Dom Lefebvre não foi completo, cabia aos seus sucessores garantir sua continuidade. Infelizmente, mornos e pusilânimes, eles apostatam ou apostatarão em sua maioria em um acordo com a seita conciliar. Eles criticam os sedevacantistas por não estarem unidos, eles parecem unidos, mas não estão. O futuro o provará. Eles aplicaram o justo meio à verdade, quando o justo meio se aplica à virtude.

Quanto à eleição de "papas", é verdade que houve várias eleições de "papas". Contam-se mais de vinte. Digamos alto e claro: somos absolutamente contra todas essas comédias. Já somos muito, muito reservados contra todas as sagrações. É preciso saber que há no mundo 1500 bispos mais ou menos falsos. Isso é trágico.

Em uma crise tão grave, é difícil não perder a cabeça. Toda iniciativa privada fora da defesa da Fé é arriscada. Pensamos que a solução profetizada pelas veneráveis Elisabeth Canori Mora e Anna-Maria Taïgi, anunciando-nos que São Pedro e São Paulo deverão restabelecer o Papado, é a mais segura. Alguns clérigos não acreditam em profecias privadas. Preferimos a opinião do cardeal Pie, que acreditava nelas (veja nosso caderno sobre Holzhauser).

IV°: Já respondemos a esse problema da visibilidade da Igreja, problema grave e do qual mostramos o quanto a análise e o ensinamento da Fraternidade eram incoerentes e não-católicos. Não é o mais grave como gostariam de nos fazer acreditar. O problema mais grave é: a seita conciliar tem a fé católica, é ela a Igreja Católica? Nossos teólogos nunca abordam essas duas questões. Seu silêncio é uma confissão que os condena.

Sobretudo porque há uma resposta coerente dada por alguém que não é um teólogo qualquer e que deveria nos levar a muita prudência e humildade. A Santíssima Virgem Maria, pois é dela que se trata, disse tudo, explicou tudo, em três palavras: A Igreja está eclipsada. Leia nosso folheto sobre a questão.

Discípulo do venerado Dom Guérard, compartilhamos sua posição materialiter-formaliter, posição que nos parecia a melhor na época. Mas testemunhamos que, tendo-lhe feito a pergunta: qual é o valor dos atos de um papa materialiter, ele nos respondeu: nulo, do que concluímos, com ele, que sua tese se extinguia com o tempo.

Desde então, sabemos (estudo da Senhorita Davidoglou) que se materialiter e formaliter são distintos, eles não podem ser separados. Seria como um carro sem motor. Não serve para nada.

Como no tempo do arianismo e de toda heresia, é preciso um certo tempo para chegar a cercar definitivamente o erro. Enquanto a palavra consubstancial não foi oposta a Ário, todos os seus opositores sabiam que havia erro, sem poder sufocá-lo. Deus o permite para nos purificar pela paciência e pela oração. Devemos condenar aqueles que ainda não haviam descoberto a resposta pela palavra consubstancial? Sejamos mais humildes e deixemos o Deus muito bom julgar esses valentes defensores, mesmo que não tenham visto tudo.

Aqueles que defendem agora essa tese não podem mais ser levados a sério. A seita conciliar não pode ser, nem mesmo materialmente, a Igreja Católica. Aliás, notou-se que aqueles que ainda a defendem nunca atacam os novos sacramentos da Ordem e das sagrações. Eles não questionam essa hierarquia destruidora da Igreja. Somos obrigados, com o passar dos anos, a nos fazer algumas perguntas graves sobre essas pessoas. Aonde querem nos levar? Não chegam a ridicularizar La Salette para defender sua tese? Outra profecia do mesmo lugar, falando de certo esgoto, os incomodaria?

V°: Está correto. Mas é evidente que buscar no passado teólogos que poderiam ter estudado essa crise é ridículo. Quem poderia no passado adivinhar tal desastre que não se limita à heresia do Papa? Nem mesmo São Tomás pôde adivinhar a demo(n)cracia moderna!

Felizmente que eles não retomaram o argumento frequentemente repetido: São Paulo bem resistiu a São Pedro sem questionar sua autoridade (Gal. II, 11 e ss). Pois essa comparação não se sustenta por duas razões. A primeira: não se tratava de Fé, como é o caso hoje. A segunda: Pedro se submeteu e o incidente foi encerrado, o que não é o caso hoje.

VI°: Evidente, pois estudado; por Vaticano I entre outros. Ainda é preciso ter a coragem de se submeter ao estudo e à verdade. Aliás, é apenas um problema de coragem ou não seria antes um castigo? Como é possível que não exista nenhum estudo sobre os pecados anteriores que mereceram tais castigos? Não haveria nesses pecados, e isso desde muito mais tempo do que se pensa, os sacrilégios cometidos pelos padres indignos, os sacrilégios cometidos pelos fiéis nas más comunhões?

VII°: Até mesmo Dom Lefebvre viu e ensinou que o concílio, sua seita e seus papas eram heréticos: ver em particular as Dubia, por muito tempo ocultadas e finalmente disponíveis. Quatro vezes Dom Lefebvre dará a nota de heresia. É preciso ser realmente tortuoso e cego para ainda se fazer tal pergunta 30 anos após a demolição completa da Igreja. É preciso estar completamente contaminado para não entender que essa hierarquia é nosso pior inimigo.

Quando se sabe que a cegueira é a primeira consequência do pecado, é lógico pensar que a cegueira do concílio, que a cegueira dos que se uniram, que a cegueira dos futuros que se unirão é devida a graves pecados. Lembremo-nos do esgoto denunciado em La Salette. Aí está frequentemente a explicação das falhas e das traições dogmáticas.

Lê-se na vida de Santo Afonso de Ligório, pelo eminente e antiliberal Padre Berthe, que um dia Santo Afonso em uma conferência eclesiástica dizia que um padre que havia falhado não podia ser perdoado. Um dos assistentes se levantou, objetando Nego consequentiam: na manhã seguinte ao despertar, ele estava morto!

Entende-se por que numerosos clérigos são contra A Interpretação do Apocalipse do Venerável Holzhauser, que precisa que no fim da quinta era haverá tão poucos crentes que eles se conhecerão pelo nome, insistindo fortemente na pureza. A pureza está ligada à humildade e à obediência (obediência a Deus antes da obediência aos homens). Abrindo os olhos, tudo se explica.

VIII°, XIX°, X°, XI°: ver os trabalhos de Petrus es tu? e Mistério de Iniquidade. Ver também A Igreja está eclipsada que aborda outro aspecto e não dos menores, o da conspiração. Por que O Sal da Terra não falou deste livro? Ler também os pequenos livros de Dom de Ségur sobre a Infalibilidade, disponíveis nas Ed. Saint Rémi.

XII°, XIII°: NÓS OS DESAFIAMOS A NOS APRESENTAR UMA CARTA ASSINADA POR UM LATINISTA SÉRIO QUE TRADUZA UNA CUM POR REZAR POR. Leia nosso folheto O problema do Una Cum, problema da hora presente. Quando se é desonesto a este ponto, o que pensar do resto?

MEUS PADRES, VOCÊS SÃO MENTIROSOS. Vocês estão do lado dos mentirosos, vocês caíram no campo do inimigo, aquele que mente desde o princípio.

XIV°: Dom Lefebvre no fim de sua vida dizia frequentemente: não é possível que estes Papas sejam os sucessores de Pedro. Tudo leva a crer que ele morreu sedevacantista. Por que ele foi abandonado por seus filhos? Por que ninguém pôde contatá-lo? Por que ainda não temos seu testamento? Questões graves sem resposta e que deixam muitas dúvidas. Quis-se esconder algo e O quê?

Em conclusão, o que pensar do Sal da Terra? Especializado na clientela BLM (burgueses, liberais, mundanos), eles não defendem mais a Verdade. Há muito tempo eles fazem concessões. Ocupados com suas restaurações históricas, eles precisam de dinheiro, de muito dinheiro e, portanto, de burgueses. Não se pode servir a dois senhores.

Por que ter escrito este artigo? Por ordem? Sobretudo para que não se diga que em sua pseudo firmeza eles estejam próximos dos sedevacantistas? Oderis quem lœseris!

O Sal da Terra está terrivelmente insípido. Com o que o salgará? Que ele tema o terrível castigo ensinado por Deus:

Não serve mais para nada, senão para ser jogado fora e pisoteado pelos passantes (Mateus, V, 13).

Numerosos clérigos, muitíssimos, há 40 anos, sofreram este castigo. Esta profecia de Nosso Senhor se realizará também para eles, a menos que se convertam, mas não é tarde demais? Os dominicanos de Avrillé, convertidos por Dom Guérard des Lauriers, caíram de covardia em covardia. Restará um só?

Louis-Hubert REMY, N° 5 dos ACRF, março de 2001

[1] O livro de Arnaldo Xavier da Silveira, A Nova Missa de Paulo VI: O que pensar? (Chiré, 1975), frequentemente considerado como a referência sobre a questão do papa herético, apresenta imperfeitamente, em nossa opinião, a opinião desses teólogos (Savonarola, Cajetan, Cano, os Carmelitas de Salamanca, João de São Tomás, Suárez, Billuart, Journet, etc.). Journet diz que as análises de Cajetan e João de São Tomás sobre este ponto são mais penetrantes do que as de São Roberto Belarmino. A questão deveria ser retomada integralmente.

[2] Reler o indispensável caderno do abade Augustin Lémann, O desfecho da perseguição, 1886, 8 p.

[3] Ser non una cum, ser chamado de sedevacantista é um dos aspectos do combate contra o erro. Se é uma garantia necessária, não é uma garantia suficiente. Nossos meios estão gangrenados por múltiplos outros erros, alguns tão graves (como o magnetismo, o pêndulo, verdadeiramente satânicos, ver nosso dossiê). Os numerosos cristãos (clérigos e leigos) pálidos, BLM (burgueses, liberais, mundanos) são muito mais perigosos para nossa fé do que nossos inimigos. Eles são desses mornos que Deus vomita. Ser vomitado por Deus!!!